Na Chicago corrupta dos finais dos anos 20, princípios dos 30 do século XX, Al Capone, um criminoso que tinha toda a cidade sob seu controle, que matou e mandou matar – no léxico de “Palermo”, o mandante - só foi parar a Alcatraz condenado por crime de fraude fiscal, depois de uma luta sem tréguas entre os defensores da Lei e do estado de direito, e todo o séquito de corruptos, promíscuos e criminosos – desde juízes, advogados e polícias, até à escumalha de rua - que chafurdavam como vermes, debaixo do seu jugo. Al Capone, "Scarface", que ia à igreja e contribuía para obras de beneficência, foi um criminoso hediondo e implacável, um dos maiores "gangsters" de todos os tempos, nos Estados Unidos da América.
Nos EUA, nessa altura, muitos dos "media" davam-lhe cobertura cúmplice, sendo inclusivamente nomeado em 1929 como "personalidade do ano" a par de Homens da importância do físico Albert Einstein e do líder pacifista Mahatma Gandhi.
Chicago, quinta-feira, 14 de Fevereiro de 1929.
Aquando do massacre de sete cabeças do seu mais perigoso bando rival – o grupo irlandês de Bugs Moran – Al Capone, como sempre, escapou à justiça, ao engendrar um álibi eficaz, provando que nesse dia se encontrava em Palm Island, na Flórida.
Cagaya, sexta-feira, 3 de Abril de 2009.
O álibi ganhou novamente.
Será que Al Capone regressou?
Perante evidências e factos incontestáveis – e mesmo quando antes disso, desesperadamente e à martelada, os esbirros de D. Giorgio tentavam invalidar escutas telefónicas como meio de prova, perseguiam magistrados, subornavam e ameaçavam testemunhas, pagavam a delatores criminosos – o veredicto regressou do passado.
O “fantasma” de Al Capone andou por lá.
Após a confirmação da sentença, Al Capone e todos os outros protagonistas dos célebres anos da Lei Sêca nos EUA, voltaram para reviver a suas “proezas” de antanho, revendo-se "orgulhosamente" nos seus brilhantes seguidores, na versão “Palermo séc. XXI”, na Trypalândia!
Tal e qual!
A corja corrupta e o séquito de idólatras rejubilaram, mas o ferrete da trapaça e da corrupção, nunca o conseguirão apagar!
Que mais irá acontecer?
Aguardemos…
O epílogo
[Chicago, início dos anos 30.
Os investigadores reviraram a contabilidade do gangster para, em 1931, chegarem à conclusão de que Al Capone devia mais de 200 mil dólares ao fisco. O procurador pediu 34 anos de prisão. Os advogados de Capone tentaram em vão a redução da pena junto do juiz James Wilkerson, que não se deixou subornar. Até a tentativa de compra dos jurados falhou, pois o juiz substituiu todo o corpo de jurados à última hora.
A sentença contra "o rei de Chicago", numa quinta-feira, dia 24 de Outubro de 1931, foi de 11 anos de prisão por sonegação de impostos. Dois anos foram cumpridos num presídio em Atlanta. Depois foi levado para a prisão de segurança máxima de Alcatraz, onde os médicos atestaram que tinha sífilis. Por causa da saúde precária e de sua boa conduta, foi posto em liberdade em 1937.
Faleceu em 1947, em Miami, na Flórida, mas foi enterrado em Chicago. Na sepultura, as palavras: "Alphonse Capone, 1899-1947, My Jesus Mercy (Misericórdia, meu Jesus)".]
Hoje, para salvar a pele, jura-se e roga-se por “justiça divina”, amanhã, na hora da verdade, como Al Capone no seu epitáfio, implorar-se-á por “misericórdia divina”.
Aqui, ao contrário do velho ditado, “o crime compensou”!
GRÃO VASCO