sexta-feira, abril 3

NOTAS SOLTAS

HÁ BOBAGEM NA CORTE


1. José António Lima vem queixar-se esta semana de ter recebido reacção desproporcionada de Benfiquistas à sua choraminguice de carpideira que ensopou a sua página do jornal “A Bola”, da semana passada e a que deu o título “a batota do costume”.

Por isso, vem esclarecer que a hegemonia do Benfica, nos anos 60 e 70 …”não se deveu às arbitragens mas à excelência e superioridade futebolística de equipas com jogadores excepcionais”

E acrescenta que essa inquestionável hegemonia serviu para construir …”um esmagador sistema de pressão e influência sobre toda a máquina e superestrutura que rege o nosso influenciável futebol doméstico”

Por último, escreve que …”o FC Porto fez o mesmo a partir dos seus êxitos desportivos dos anos 80” … o que lhe parece …”uma evidência, em ambos os casos…”


Na minha modesta interpretação, podemos tirar destas frases algumas conclusões interessantes. Isto, para além de sublinhar que o Presidente da Liga é sportinguista e que o Presidente do Conselho de Arbitragem também é sportinguista. Pelos menos, estes …


Como conciliar a afirmação de que os êxitos dos anos 60 e 70 não terem sido devido às arbitragens com a do esmagador sistema de pressão e influência?

Para que serviu, então, este esmagador sistema de pressão e influência?

Não tendo ele servido para coisa nenhuma, por que motivo se justifica toda a carpidura sportinguista que se pretende justificar através dele?!


Se optarmos pela coerência das duas afirmações, José António Lima recitou uma bíblia que o seu cérebro memorizou e rememorou, a bíblia sportinguista das queixinhas permanentes – o SCP já é conhecido pelo “clube das queixinhas” – sem atender a que se estava a contradizer, mas apenas para justificar a sua insossa e ininterrupta choraminguice, dirigida apenas a um alvo: o Benfica.

O esmagador sistema de pressão e influência, por parte do Benfica é somente o ardil quimérico e fantasista do imaginário de José António Lima.


Mas há mais!

Tendo o FC Porto feito o mesmo, diz, a partir dos seus êxitos dos anos 80, será que, para José António Lima, se manteve o anterior esmagador sistema de pressão e influência do Benfica?

E, se se manteve, de que forma se conciliam esses dois esmagadores sistemas de pressão e influência tão incompatíveis eles são por natureza?

Se não se manteve, qual a razão da choradeira actual de José António Lima contra o Benfica, com base nesse sistema, ainda para mais acompanhado do aleivoso título, “a batota do costume”?


José António Lima teve, porém, dois méritos.

Reconheceu que as conquistas nacionais do Benfica foram apenas fruto do suor dos seus jogadores, da competência técnica dos seus treinadores e da visão e excelente administração dos seus dirigentes.

Reconheceu ainda que o Sporting tem sido um autêntico fracasso de êxitos desportivos desde há 50 anos para cá, que o Sporting se tem mantido sempre numa posição de subalternidade flagrante em termos de conquistas futebolísticas no futebol doméstico e não doméstico.


Mas se esta última conclusão é tão evidente, mesmo para José António Lima, por que motivo não critica ele os dirigentes do seu clube e, pelo contrário, abençoa a política de aliança ostensiva com o clube e respectivo presidente, os únicos condenados por tentativa de batotice desportiva e a cumprir pena?

De facto, a única comprovação – e condenação – do esmagador sistema de pressão e influência vem dos aliados dos dirigentes do seu clube!

Por que motivo é o Benfica o seu inimigo de estimação e não a gestão e a política de alianças dos dirigentes do Sporting?


José António Lima e o Sporting agem por procuração, são meros mandaretes!



2. Segundo escreve um jornal da praça, ficou a saber-se por que Soares Franco quer abandonar o Sporting. É que ele não está para trabalhar de graça na função e ainda levar vassouradas dos adeptos. Por isso, quer que os dirigentes do seu clube passem a ser remunerados.

Se conseguir aprovar a medida – diga-se que nas Ligas mais importantes e nos seus clubes de topo não há dirigentes remunerados, excepção feita ao Reino Unido e ao FC Porto – talvez que o seu abandono não seja assim tão evidente!

Influências de proximidade!...



3. Patusco, patusco mesmo – sem constituir excepção, naturalmente – é o artigo de opinião de Luís Sobral sobre o castigo aplicado a Lisandro.

Deliciemo-nos com a prosa!


«Tenho de começar por reconhecer que me enganei há umas semanas quando disse que o facto de o Benfica pedir a punição de Lisandro era o ridículo do ano


Luís Sobral está sempre a enganar-se, isso não é nenhuma novidade mas uma imanência da sua escrita! Como agora! De facto, há umas semanas chamou-lhe o «absurdo do ano» e «provavelmente a ideia mais absurda do ano».

E ridículo e absurdo só muito colateralmente têm o mesmo significado.


Para Luís Sobral, a decisão da Comissão Disciplinar da Liga é «injusta e grave», tendo feito um interpretação dos regulamentos «desproporcionada».


A justificação também é muito simples!

Em primeiro lugar, foi o erro (de Pedro Proença) que provocou o erro da decisão! Escreve Luís Sobral que, se Pedro Proença se enganou, já houve muitas situações de erro, umas iguais, outras nem tanto! E a Comissão Disciplinar da Liga também errou porque puniu Lisandro e não puniu todas as outras situações de erro, porque já houve centenas de quedas iguais às de Lisandro, umas penalties, outras nem isso, cartões amarelos, cartões vermelhos, injustos muitas vezes, uns e outros, entradas bárbaras, umas duras e outras moles, etc, etc, um ror de erros sem punição!


E os jogadores do Benfica que o digam, acrescentamos nós!


Em suma, a justificação de Luís Sobral é a consagração do princípio da asneira!

Se uma asneira não foi punida, nenhuma outra o pode ser!

Combate-se o erro … errando de novo!

Para Luís Sobral, é incompreensível e não pode aceitar-se que se erre uma vez sem punição e não se possa errar mais … impunemente!


Para que servem os regulamentos? Para que se redigiu o normativo inserto no artigo 122º do Regulamento Disciplinar da LPFP?!

De acordo com Luís Sobral, para decoração ... quando se trata dos jogadores do FC Porto, sejam eles Lisandros, Brunos Alves ou Luchos!


Se Pedro Proença errou, «cabe à Comissão de Arbitragem puni-lo. E terminar aí.»!

É a sua douta sentença!

Que lhe importa o que prescreve o normativo citado e que a seguir se transcreve?


122º

1 …

2. O jogador que provoque uma decisão errada da equipa de arbitragem por ter:

a) Simulado de forma evidente falta inexistente que conduza à marcação de pontapé da marca de grande penalidade a favor da sua equipa, com benefício para a sua equipa na atribuição final dos pontos em disputa;


É preciso acrescentar que Luís Sobral escreveu ispsis verbis …«é evidente que Pedro Proença errou ao assinalar grande penalidade».

Ora, este normativo foi redigido e aprovado precisamente para punir o agente que provocou o erro do árbitro, através de simulação – isto é, de um artifício enganador, de um fingimento – de forma evidente.


Luís Sobral aplica o termo óbvio mas a lei consagra o termo evidente. Os dois conceitos não têm rigorosamente o mesmo significado, mas a evidência até por ele foi reconhecida!

E já agora, por toda a crítica e por toda a gente!

Por isso, nem sequer se pode colocar minimamente em causa a evidência da simulação de Lisandro. Essa evidência é um facto notório – facto que é do conhecimento geral – ou seja, nem sequer precisa de ser provado.

Mas Luís Sobral, natural e contraditoriamente, continua com o disparate, dizendo que o «lance está longe de ser óbvio» porque, por exemplo – o exemplo é dele, não meu – Lisandro não reconheceu a simulação!

Pudera! Porém, isto significa que ficamos a dever a Luís Sobral mais uma famosa invenção: só pode ser condenado o acusado que confesse o seu crime!

Contrafeito e rezingão, Luís Sobral espera agora, diz, que Di Maria «seja pelo menos chamado à atenção pelo braço no ar a reclamar “penalty” no Benfica-Sporting da Taça da Liga».

Por este andar, e apesar de se estarmos perante dois pelintras de parcialidade e bestialidade nas falações prenhes de disparate contra o Benfica, talvez seja de colocar de sobreaviso os dois repórteres de campo da SIC que foram peremptórios em afirmar:


«A bola toca na mão do jogador do Sporting, isso é um facto» … «mas que é facto que a bola bate na mão do Pedro Silva é verdade … bate»!

«Eu estou no enfiamento e a bola parece-me claramente que bate na mão esquerda do defesa do Sporting» …


É que Luís Sobral é bem capaz de também pedir à Comissão Disciplinar da Liga que os puna por simulação ou por qualquer outra invencionice de ocasião!


Para terminar o comentário à sua prosa desajeitada e nitidamente parcial, conquanto pretenda aparentar o contrário, atentem nesta sua frase:


«Ridículo mesmo é a Comissão Disciplinar ter ido na conversa»


Isto não tem nada a ver com o hipotético erro de decisão!

Isto tem a ver apenas com a imparcialidade e a isenção que deve presidir aos actos de quem julga!

Parece óbvio, pois, que Luís Sobral acusa explicitamente os conselheiros de não terem sido isentos, imparciais, no seu julgamento!


Nem o FC Porto chegou a tanto! Também não precisava, tinha o seu mandarete em campo! Assim, fica com o proveito inocente e a fama da pantomima fica para quem a assina!


Luís Sobral é que ainda não compreendeu que ele e só ele é que é o ridículo ou, se o preferir, o absurdo do ano!

Mas um ridículo ou um absurdo que se reitera e reincide continuamente!



4. Guilherme Aguiar continua no seu pedantismo de pseudo ignorância, a menos que a dita formação jurídica, que dizem ele possuir, seja uma mera panaceia. De facto, inacreditável e inconcebível não é a decisão de punir Lisandro, é o tentar lançar areia para os olhos das pessoas e dizer bitaites da mais pura pelintrice!


Guilherme Aguiar, como suposto jurista, devia saber que não há crime, coima, multa, falta disciplinar ou qualquer sanção punitiva sem norma que preveja e tipifique!

Como suposto jurista, devia saber que toda a norma tem um âmbito territorial pelo que, no Mundial regem as normas da FIFA, na Liga Portuguesa regem as normas da Liga Portuguesa!

Como suposto jurista, devia saber que a norma que puniu Lisandro se aplica na Liga Portuguesa e é bem explícita!

Como suposto jurista, devia saber que a norma que prevê a simulação evidente não prevê como punição – infelizmente para o Benfica e felizmente para o seu clube – a perca de pontos pelo clube a que pertence o jogador punido!


Guilherme Aguiar é o mandarete da casa. Não tem o mínimo crédito.

É uma decisão inédita, pois é! Podia dizer-se que a norma é recente, pelo que a estranheza é uma pacovice!

E que os sumaríssimos estavam reservados só para os jogadores do Benfica, não é verdade?!


Na última tentativa para se candidatar à Presidência da Liga, nem clubes suficientes conseguiu para formalizar a candidatura!

Para bem do futebol português, esperemos que lhe aconteça o mesmo, se ousar ser candidato!

Porque, se tivesse votos suficientes para ser eleito, então o futebol português estaria fatalmente perdido!