sexta-feira, janeiro 16

“OS BONS VELHOS TEMPOS”

Por impossibilidade de postar este artigo em tempo útil (após o jogo dos batoteiros contra o Marítimo, que terminou empatado e que fez reviver tempos tenebrosos de Giorgio e sua pandilha), estou a publicá-lo no sentido de alertar os mais jovens para o que é a história negra do nosso futebol dos últimos trinta anos, protagonizada pelos "andrades". Para memória futura, porque lamentavelmente a história já está a repetir-se! Para que os "batoteiros" não tenham a possibilidade de apagar factos como o fizeram no seu clube, tendo inclusivamente alterado o ano da sua fundação e postergado figuras carismáticas e homens de bem da sua agremiação para os esgotos do Douro!

Quando há trinta anos, em Palermo na Trypalândia, o “Bando dos Quatro” iniciou o assalto ao poder no FCBatota, ninguém pensaria que todo um povo viesse a ser confrontado e quase subjugado pelo maior e mais feroz complexo mafioso alguma vez existente na Lusitânia, no seu futebol e em outros sectores da vida civil e mesmo militar.
Em certos momentos, este domínio foi absoluto, vigorando a “lei da Rolha”, silenciando-se todos aqueles que se opunham a esta tenebrosa garra opressiva e coerciva.
Algures em Palermo, numa cave sombria e bafienta de uma mercearia, entre caixotes de hortaliça, sacos de feijoca, pacotes de arroz e fardos de bacalhau, três Pintos - Giorgio, Idílio e Adreanno – e um Cartola, mais conhecido nos meios trypeiros por Zé do Boné, alternando jogadas de “Bisca” e “chitos de Sueca”, com sonoras descargas flatulentas e prolongados arrotes à mistura, encetaram a urdidura de uma temível teia, que através dos seus principais vectores – tráfico de influências, corrupção e chantagem – desvirtuou e adulterou por completo tudo o que diz respeito ao pontapé na bola, até hoje!
Nessa altura, todo o “bas-fond” e submundo de Palermo se alistou, num recrutamento progressivo, meticuloso, maquiavelicamente planeado por Giorgio di Bufa, um dos três Pintos, que nessa altura abarbatou literalmente o poder no FCBatota em conluio com o Cartola, após espezinhar e achincalhar em toda a linha, uma das figuras mais carismáticas dessa degradada agremiação – Albérico de Sá.
Não foi por acaso que deste caldo marginal começaram a emergir peças fundamentais para a engrenagem mafiosa carburar em pleno.
Trelles Balboa, ex-boxeur, licenciado em proxenetismo e prostituição, cedo foi designado como delfim de Giorgio.
Quem melhor que ele, para chantagear os “apitadores”, vulgo árbitros, com as putas amestradas que a sua companheira chefiava na Pérola do Dragão Negro?
Logo a seguir, surge Abel Carabinieri e sua pandilha, especialistas na área da intimidação, ameaçando tudo e todos através da exibição ostentatória e impune, de pequenas metralhadoras escondidas debaixo de blusões, não se coibindo de usar a violência física, desde bofetões a valentes cargas de porrada.
Quem melhor que polícias, que pareciam autênticos “gangsters”, para dar cobertura e “fechar os olhos” à selvajaria e desmandos que o “bas-fond” recrutado, intentava contra os “apitadores”, jogadores e dirigentes das equipas adversárias que se deslocavam ao estádio e pavilhões do FCBatota?
Por fim, em tempos mais recentes, aparece a “SuperDraconiana”. Uma terrível guarda pretoriana cuja maioria dos elementos, recrutados em antros de criminalidade, por vezes muito violenta, em franjas marginais e extremistas e nos sectores problemáticos da sociedade de Palermo, se constituíram como uma autêntica legião implacável à ordem de Giorgio. Nando Maduro, o cabecilha deste perigosíssimo bando de vândalos, era visita de casa de Giorgio e vice-versa, segundo o próprio. Nunca este facto foi desmentido.
Inicialmente, toda esta amálgama de párias e indigentes, criminosos e traficantes, era complementada com alguns “capos menores” de instrução média ou superior, com tarefas bem definidas - Trelles Brôxo, Hernâni Gargalhadas, Pôncio Merdeiro, Carroceira Pinto, António Demais, etc. – que tinham a missão de mostrar a pequena ponta visível de um “iceberg” cuja parte submersa era medonha!
Para sustentar financeiramente o “projecto” de Giorgio, perfilou-se um mecenas, que com a sua “samarra” e de uma forma muito camuflada, sabendo-se lá com que fins, canalizou e injectou rios e rios de dinheiro no FCBatota. Chamava-se Gonzales Gomez e era o homem da comenda.
Faltava o sector crucial, aquele que iria alcandorar o FCBatota e Giorgio aos píncaros da fama de batoteiros e corruptos – a arbitragem.
Para o obter, apareceu mais um Pinto. Lôrenzo. A eminência parda do FCBatota.
Lôrenzo era uma sombria figura de Palermo, que ao exercer a advocacia e ao defender muitos criminosos e delinquentes, depressa se inteirou dos seus métodos, para depois os aplicar com sádico requinte. Assim, “entalou” muitas ratazanas do apito. Uma delas, “algarvia”, o Xico, vítima da sua estúpida ganância, acabou por ter uma irradiação humilhante. Esta acção, mediática e filmada em directo pela TV, serviu para encobrir o que na realidade se passava. Os árbitros, a Norte, na Trypalândia e não só, já eram corrompidos de todas as maneiras e feitios, e Lôrenzo, afinal, era um impoluto que com esta acção tinha o cadeirão da arbitragem mais que justificado!
Este episódio, premeditadamente arquitectado pelo sinistro Lôrenzo e seus esbirros, lançou paradoxalmente uma cortina de fumo, abrindo caminho às acções subterrâneas do FCBatota e sua corja, tendentes a alcançar o controle e poder totais no dirigismo da arbitragem.
No entanto, vergonhosamente, nunca foi identificado o “corruptor”, pois o objectivo era arranjar um bode expiatório para todas as suspeitas que existiam, esquecendo quem corrompia. Isto é, o ónus e o odioso seriam suportados por um árbitro, como é este caso, e o FCBatota continuaria a implementar as tácticas sabujas da chantagem e da corrupção, impunemente, durante anos e anos a fio.
Por fim, Xico Algarvio, o papalvo, temendo pela sua própria pele, remeteu-se a um silêncio total, evitando para si mais danos colaterais. Uma escandaleira à moda da corja que mais uma vez passou impune!
Hoje, Lôrenzo e Giorgio continuam a ser “unha e carne”, com o causídico a cultivar aquela tenebrosa e cínica imagem, e a actuar eficazmente, quer à luz do dia, quer nos bastidores sujos e sombrios de Palermo e do FCBatota. Já é célebre, após a assassina tentativa de limpeza à Bexiga, na Alfândega de Palermo, aquela fatídica e cínica observação a Carol:
- “Oh filha!...Mas ele ainda ficou a falar…”
Para fechar este capítulo sobre os árbitros, falta referir Adreanno, o dos “chitos”.
Sob a sua presidência, a associação de futebol de Palermo, a maior do país, valendo-se de uma enormidade de votos, e através de uma complexa rede de compadrios e alianças com outras associações, fechou este círculo, com o assalto à arbitragem associativa (que é o sítio por onde todos os árbitros iniciam a sua actividade) e às estruturas de todos os escalões de futebol.
Estava concluída a primeira fase da teia.
Corja e FCBatota passaram a constituir um binómio eficaz e imbatível.
A corja, facilmente manipulada, numa azáfama incrível, atiçada por um discurso falacioso de instigação do Norte contra o Sul, mentiroso e desonesto, introduzido por Giorgio, criou um clima de efervescência e consequente guerrilha, especialmente contra a Lísbia e contra o grande baluarte do desporto, o eterno Glorioso.
O mundo medonho da coacção e corrupção tinha começado!
Ainda hoje é a sua imagem de marca, tão igual àquela que o FCBatota tem deixado na nossa parvónia e por essa Europa fora!
Por último, a aplicação de determinados métodos, à moda do mais primário caciquismo provinciano, serviu para todos temerem e prestarem vassalagem ao FCBatota e sua corja.
Uma das muitas provas, foi a “construção” progressiva e refinada de um TÚNEL no respectivo estádio, que à medida que se caminhava dentro dele, mais “apertado” ficava. Mesmo com resultados favoráveis, a aflição era tão grande, que os próprios árbitros sufocavam, borrados de medo daquela gentalha que ninguém conhecia, sem credenciais adequadas, mas que ameaçadoramente encostavam os “apitadores” à parede, coagindo-os assim a beneficiar descaradamente o FCBatota na construção das suas sempre vergonhosas e escandalosas vitórias!
Curiosamente ou não, este deveria supostamente ser um sinal do passado. No entanto, estes factos continuam a verificar-se no novo estádio – o estádio da coacção e o seu túnel do medo!
Bastou o Glorioso chegar a líder e logo voltaram a corja e o FCBatota aos “Bons Velhos Tempos”!...
Há trinta anos que é sempre assim!
(continua…)

GRÃO VASCO