quinta-feira, dezembro 3

FLUXO DE BIELORRUSSOS

Ontem, fiquei deveras impressionado com o aumento súbito do número de Bielorrussos no nosso país. Uma pessoa amiga do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) já me tinha alertado de que este fenómeno acontece sempre quando o Benfica joga com uma equipa estrangeira, seja em casa ou fora. O fluxo migratório, por breves noventa minutos atinge um pico alarmante – Portugal, enche-se ràpidamente de adeptos do clube adversário que defronta o Glorioso. Ainda não se sabe bem como é que eles cá chegam ao país e tão depressa. Só no café onde visionava o jogo do BATE Borisov com o Benfica estavam seguramente quatro Bielorrussos para oito Benfiquistas.
O mais curioso é que falavam tão bem a nossa língua, que eu até pensei que eram anti-Benfiquistas pertencentes à escumalha submissa e à corja corrupta, tal eram os impropérios em português vernáculo que dirigiam aos jogadores do Benfica. Lá que traziam cachecóis azuis e verdes, lá isso é verdade. E que ficaram um pouco amarelos com os golos do Saviola e do Coentrão, também é verdade. Cada vez que o BATE Borisov criava uma jogada, era uma tal chinfrineira, que eu até dizia para comigo:
- Puxa!....Que adeptos tão fanáticos! Se aqui é assim, o que será na Bielorrússia!
No golo do BATE Borisov até gritaram:
“Palermo”! “Palermo”! “Palermo”! Carvalhal! Carvalhal! Carvalhal!
Sim senhor! Estão bem documentados, não há dúvida!
Mas tudo muito bem pronunciado, com uma dicção tão perfeita que pareciam mesmo portugueses!
Então a vossa capital não é Minsk e o vosso treinador não é o Viktor Goncharenko? – perguntei eu.
Bahhh! Isto é só um “fait divers” para arreliar Benfiquistas – exclamou um deles num português alagartado a roçar o dialecto galego de “Palermo”.
- Ok! Já estou esclarecido!
Por fim, ao mirarem na TV o topo da tabela do grupo I, lançaram um esgar esquisito uns aos outros, meteram as suas mãos aos bolsos, confirmaram o bilhete de regresso à Bielorrússia e zás – ala que se faz tarde!
É verdade. A comunidade Bielorrussa em Portugal a partir daquela hora - vinte horas de ontem – voltou à normalidade e estabilizou nos números que haviam sido contabilizados no recenseamento feito antes das dezoito horas do mesmo dia.
Telefonei para o SEF a expôr as minhas dúvidas, sendo-me confirmado novamente que este fenómeno só se verifica quando o Benfica joga contra equipas estrangeiras, ou mesmo contra algumas do próprio país. O recenseamento fica por alguns momentos completamente baralhado!
É obra!

Até eu já via a Bielorrúsia por tudo quanto era lado. Até na TV, o Carlos Manuel ao comentar o jogo, teve momentos em que era perfeitamente audível o seu sotaque bielorrusso!
- O quê? O Carlos Manuel? Aquele que foi um grande jogador no Benfica e quando assinou pela lagartagem, disse logo que era do Ceportén desde pequenino? – perguntou um indefectível que via o jogo ao meu lado.
- Sim! Sim! Esse mesmo! – respondi eu.
- Ora porra para o Carlos Manuel! – ripostou o indefectível.

Vá, vão lá para o vosso poiso miar e grunhir, perorando as vossas desgraças, deixando em paz quem esta noite vos deu no toutiço, ou julgam lá que isto é a agremiação cipriota da bola quadrada “Há poio el” ou a marca de mata-ratos “Bentspilas”?

GRÃO VASCO