quarta-feira, maio 13

A MINHA RELIGIAO

Já em tempos que lá vao faz muito, numa aldeola, a mais bonita do País, foi-me inculcada a Paixao, pelo Benfica.
Nao me pude conter ante a beleza dos sentimentos que experimentei, nao pude conter uma exclamaçao de admiraçao diante da fulgurante beleza daqueles propósitos, que para mim passaram a ser sagrados.
Em plena infância, a essência do Benfica entrava pelos cinco sentidos como místicas torrentes de divina substância, cruzavam-se na minha mente, inundando o próprio ser.
Via com religiosa admiraçao que no Emblema Sagrado, reluziam gemas de todas as cores e dimensoes, e reconheci o diamente, o jacinto, o topázio, o rubi, a safira, a esmeralda, o onix, o jaspe...e mais muito mais.
E ao mesmo tempo apercebi-me primeiro pelo encantamento e depois perturbado pelo assombro, que a Alma Benfiquista era de ouro de muitos quilates.
Estas riquezas que vos relato, e outras que por falta de talento e lembrança aqui nao trago à vossa presença, sao a herança de muitos e muitos anos de Devoçao e testemunho do Poder e Honradez, que sao apanágio do Clube da Águia.
Vi, gente simples do Povo, sacrificar os "aneis dos dedos", para erguer a futura Catedral, que se encheu de glória, e quiseram refundi-los nessa Obra colectiva, que eram sinal da sua grandeza e genorosidade para maior glória do Clube do coraçao.
E uma liçao de Uniao e...Humildade, mas cheios de Fidalguia e Orgulho.
Fizeram-me esquecer perante a minha fragilidade, a força e a potência do Clube, que passou a ser também o meu Clube.
Por entre as Bandeiras e os Símbolos, tudo me revelava a matéria preciosa do Clube: entre o ouro da devoçao e a brancura imaculada dos processos, a transparência do cristal da Luta honrada, o vermelho bem vivo das Papoilas Saltitantes, o Glorioso, era pois festejado com todo fasto e magnificência que merece e requer.
Quando, e enquanto me deleito com todas estas belezas do meu Benfica, o encanto que me rodeia, arrancou-me aos cuidados externos, e uma digna meditaçao levou-me a reflectir, transferindo aquilo que é material, para aquilo que é imaterial.
Entao parece-me que me encontro, por assim dizer, uma estranha regiao do Universo que já nao está de todo fechada na lama da Terra nem de todo liberta da pureza dos Céus.
E parece-me que pela graça dos meus Deuses, eu posso ser transportado deste mundo inferior ao superior, por via do amor que sinto pelo Benfica.
Penso que agora compreendo, penso que agora fiz compreender, o porquê de algo tao óbvio: o Benfica já há muito deixou de ser o meu Clube, o Benfica há muito que é a minha Religiao.
-quando vejos os jornalistas, vomitarem verdadeiras barbaridades contra o Benfica;
-quando vejo os árbitros roubarem o Benfica,
-quando vejo os juízes beneficiarem desavergonhadamente outros, em detrimento do Glorioso, rio-me e calmamente viro-me para o outro lado.
É pois estultícia, atentarem contra a Águia.
Nem multas, nem perseguiçoes, cargas policiais, sumaríssimos ou seja lá o que fôr me demovem.
Nao compreendem, nem podem compreender, porque a dimensao do Benfica os ultrapassa esmagando-os, que nos situamos numa dimensao superior.
Pobres coitados que se situam no mundo a três dimensoes, quando o Benfica pela sua excelência já atingiu a quarta dimensao:
a que está reservada só aos eleitos dos deuses.
Aos únicos a quem é permitida a entrada no Olimpo.