quinta-feira, maio 14

A cegueira do facto, e o “sabetudo” do facto

“dedicatória ao ensaio convicioso do facto”


1. É um facto de facto que certos “mestres e senhores” de facto e do facto se deram conta de que, em plena vivência da informação, o facto é a sua essência e que era o seu facto, mesmo sem resquício do facto de facto, o que interessava informar. Finórios, lá foram domando a informação do facto e programando escrevinhadores do facto, do seu facto de facto, transformando-os na sua emanação concreta de o “sabetudo” do facto. É, pois, um facto de que, de há umas três dezenas de anos para cá se assiste à informação do facto de facto mas muitíssimo mais à informação do facto não facto mas, de facto, apenas facto do escrevinhador do facto que é apenas facto do seu mestre e senhor do facto. E como não interessa facto que seja facto de facto, o inventor do facto tem de imaginar facto que, como se calcula, é facto que não é facto, facto que só dele é facto.


2. Regra geral, o escrevinhador do facto está só perante o facto numa mera relação virtual com o facto de facto. É um escrevinhador avençado e bajulador serviçal, um arremedo de aprendiz do facto que não é facto de facto, mas apenas facto do seu mestre e senhor do facto. Serviçal e encadernado quanto baste, a troco de uma mercê do senhor do facto, nunca é demais repetir que a sua apetência do facto é mera apetência do facto do senhor do facto e nunca do seu imaginário, tão pobrete ele, de facto, se arrasta num fanhoso debitar do facto do mestre do facto. Tem dobradiças vertebrais bem oleadinhas, conquanto surrentas em abundância que chegue, ou a potes de fruta, viagens tipo calheiros e encalhadas nas contas do regional do senhor do facto, facto enganoso, não de facto mas porque assim ordena tal mestre do facto. Mestre e senhor do facto que ainda tem, de facto, uns amiguinhos bem avisadinhos para, quando preciso, aconselhar saltinhos ali ao lado, a terras de Espanha, ou abafar os marfins. E juizinhos que, facto de facto mas não facto de o “sabetudo” do facto, sabem de luvinhas e ajudinhas, conquanto o senhor do facto saiba a récita inteira das jurinhas que, facto de facto, convence a nossa justicinha a branquear a sua corrupçãzinha.

Tudo coisa que, aliás, não é facto do senhor do facto e, logo, não noticiada pelo “sabetudo” do facto.


3. Para o “sabetudo” do facto, há “rotas de colisão” do facto que não é facto de facto mas facto que seu mestre de facto lhe ordenou, de facto, escrevinhar como facto. Não no clube do senhor do facto porque, de facto, mal andava o “sabetudo” do facto se noticiasse esse facto, ainda que ele fosse facto de facto.

Para o “sabetudo” do facto também não há, de facto, corrupção em Portugal e muito menos no futebol. As conversas que a “Judite” ouviu, de facto, não são facto de o “sabetudo” do facto. São devaneios do facto de facto, delírios esquizofrénicos dos ouvintes das escutas do facto de facto.

E para os nossos juízes e juízas de facto, também esse facto não é facto de facto. Também eles são um “sabetudo” do facto.

Pode, assim, o senhor do facto e de o “sabetudo” do facto do seu senhor de facto ser beatificado, facto que não é facto de facto mas que todo o “sabetudo” do facto noticia como facto de facto, até porque o senhor e mestre do facto ora, de facto, à justiça divina.


4. A suprema e orgâsmica ventura de o “sabetudo” do facto foi ter noticiado como facto o obtusante facto do pai incógnito do regional do senhor do facto. Se é que, realmente, em tão estapafúrdio facto, é o patético e pai fantoche aquele que é, de facto, o incógnito!

Realmente, quando o suposto pai de filho incógnito, de facto, soube de tal facto lá nas profundezas de sua tumba, deve ter pulado das trevas e vociferado furibundo. «Pai incógnito, eu?!!! Ai, s’a minha Jaquina não estivesse já aqui devorada a meu lado, que nem cinza ou pó do marfim qu’aquele maroto do facto surripiou!!! Filho meu?!!! A mim é que aquele desgraçado burro do facto me arranjou agora um filho?!!!

Valha-me Deus e àquele burro do facto que, e isto é uma praga de facto, o diabo há-de consumir com tanto facto que nunca foi facto de facto!!! Nem depois de estar morto e bem morto aquele burro de facto e do facto me deixa em paz e ainda me há-de arranjar o seu facto que não é facto de facto!!! E às custas da minha fidelíssima e amantíssima impotência e castidade vergal!!! Um filho incógnito?!!! Aquele burro de facto e do facto até com os mortos faz facto!!!»


5. É esta, pois, a plenitude da vivência prenhada do facto de o “sabetudo” do facto. De facto, ele sabe tudo quanto a sua ominosa imaginação, induzida pela sua obcecada paixão à força de vergalhada, em potência ou em acto, deve escrevinhar como facto. Mas o que é engraçado é que o “sabetudo” do facto noticia sempre o facto como se ele fosse facto de facto, e não facto do seu senhor do facto. Mas o facto não existe fora do mestre do facto. É ele, o mestre e senhor de facto e do facto, que cria o facto. Depois, prenhado e impante, o “sabetudo” do facto, apresenta-se a si próprio como facto, o facto de o “sabetudo” o que para si é facto, embora não seja facto de facto.


6. Tanto “sabetudo” do facto esmaga-nos, de facto. Esmaga-nos o turbilhão do facto de o “sabetudo” do facto e o turbilhão do facto de uma bem programada e domada imaginação inesgotável e omofágica do facto, na sua inclinação pró facto do senhor e mestre do facto.

Não se chegue ao facto, todavia, de confundir o “sabetudo” do facto com o profeta das desgraças do facto. Ele está programado e domado, de facto, para ser ambas as coisas, mas é diferente.

O profeta (das desgraças) do facto noticia o facto antes do facto, profetiza o facto.

O “sabetudo” do facto noticia o facto como facto, o facto que para si já é facto.

O profeta (das desgraças) do facto é um adivinho do facto.

O “sabetudo” do facto é um curandeiro do facto, do facto que não é facto de facto, mas é facto de o “sabetudo” do facto.


7. Coitado de o “sabetudo” do facto. A sua curandice é só aldrabice. O “sabetudo” do facto é só um papagaio do facto, às ordens do facto do senhor do facto. O “sabetudo” do facto, não noticia facto que é facto, de facto, mas não facto do seu mestre de facto.