Carta a El-Rei, D. Luís Filipe
Por Pero Vaz de Caminha, mui humilde servidor de Sua Alteza
Sabe Vossa Alteza, El-Rei da Grande Pátria Benfiquista, D’Aquém e D’Além-Mar que, em honra das armas e das divisas de Sua Majestade, o seu Mui Nobre Reino pratica a Fé, a Esperança e a Caridade.
Estas Mui Nobres Virtudes do Evangelho do Símbolo da Águia Gloriosa e Altaneira plasmam-se no Vosso Reino Benfiquista como um dom metafísico do seu existir ontológico.
A fé e a Esperança são os dons que, inscritos nos Santos Evangelhos que compõem o Antigo e o Novo Testamento do Benfiquismo e pregados pelos Seus Apóstolos, preenchem os recônditos da Alma Benfiquista dos Teus humildes súbditos.
A Caridade é o dom que Teus humildes súbditos, sob inspiração de Sua Alteza, praticam devotadamente para com os degradados ontófagos, infiéis cuja vivência nestas terriolas vizinhas do Vosso Augusto Reino nos confrange pela sua nudez de gentios das cavernas e, por mais que Vossos devotados Apóstolos os tentem converter à única e verdadeira Fé com as suas sacrossantas e inflamadas prédicas do bom-senso, ainda não conseguiram passar além da sua entranhada esterquice.
A caridade, Majestoso Rei deste Majestoso Reino, é o dom que este humilde servo ousa dever pedir-Vos que ordenais seja a prioridade dos Vossos Apóstolos para a conversão final do estercorário Ferreira.
De facto, no seu acrimonioso achinfrinar, Ferreira escreve tolices pegadas que, se ficam a condizer com o seu ser e viver, não são suportáveis à luz da Caridade do Vosso Reino Majestoso.
Escreve, por exemplo, que o seu clube se tem “mantido a lutar por um título que podia ter sido alcançado por mérito próprio não fosse o demérito e a falta de honestidade e seriedade de outros”.
Ferreira também se revela um emérito açulador contra o que lhe parece ser um engulhamento “de muita gente” pelo facto de o seu clube ter “muitos jovens portugueses”.
E aventura-se mesmo a ser um comicieiro burlesco, tal o atormentamento que acomete o seu delinquido, indigente e infiel pensamento. Assim, no transvario do seu pungimento, até já vai gesticulando no seu grunhideiro ululante que o “aeroporto vai para Alcochete porque aí embarcam portugueses e no de Lisboa só desembarcam estrangeiros”.
Ferreira termina com uma profissão de fé nativa e infiel, contrária aos Evangelhos do Benfiquismo de que Vós sois o mais Alto Guardião. Na sua ululação, vociferou ele que “um dia os ladrões hão-de ser descobertos e apanhados!... ”
Venerando Rei, Ferreira está num estultilóquio de tonterias que lhe obnubilam todo o discernimento da realidade em que se afundou o seu clube. Ferreira navega no mundo das trevas do paganismo e ainda não viu a Luz, Senhor meu Rei.
Ferreira esqueceu que o colonialismo a que o seu gentio e infiel antepassado Roquette submeteu o seu clube, no acordo de protectorado militante com o reino da corrupção futebolística, só concedia aos nativos indígenas as migalhas da esterqueira em que vão vegetando na sua infesta religião.
Ferreira manda às malvas a acribologia do seu impulso junta-letras e fala em “falta de honestidade e seriedade”, numa peroração infiel contra os seus antepassados, mais do que contra o seu corrupto colonizador, arreminado mais com Roquette do que com o condenado Pinto da Costa.
Acresce, Majestade, que o clube de Ferreira parece ter, de facto, uns portugueses. Mas saiba que, por Vossa Mercê, o Seu governo e os Seus ministros, bem como os súbditos da Grande e Gloriosa Pátria Benfiquista, compreendem que, quem não tem cheta para comprar um par de sapatos, arremedeia-se com uns reles e esburacados tamancos.
Também sabemos que Sua Alteza é Magnânimo. Por isso, sabe que, se o aeroporto for para Alcochete, ele vai ficar afastado quanto possa, numa medida da mais elementar higiene, da esterquice a que alguns indígenas pagãos ousam chamar de academia mas que é mais conhecida pela academia do pedregulho que serve de banca e de assento a meia dúzia dos ditos nativos ontófagos.
Com a devida Mercê de Vossa Majestade, parece que ninguém ouviu falar que os gentios infiéis tenham embarcado, nestes anos mais chegados, algum português oriundo da dita academia da pedrada. O último e único que de tão pedregoso e inculto lugarejo proveio já foi há uns três anos, no mínimo. Era uma bailarina travestida de jogador e embarcou no aeroporto … de Lisboa.
Tem havido, efectivamente, uma publicidade promocional abundante e variegada mas aqueles portugueses gentios de que fala Ferreira não têm tido acolhimento nos Reinos da Fé.
Meu Nobre Rei e Senhor, sabe Sua Alteza muito bem como terminam as profissões de fé dos gentios que vivem mergulhados no paganismo. Elas até conseguem cumprir-se algumas vezes, mesmo que advenham dum obnóxio e num engasgo fedúncio, como sequelas das pauladas por ousar candidatar-se a chefe dos gentios!
Foi assim, todavia, que Vossa Majestade apanhou e castigou os ladrões do vosso tresloucado súbdito Miguel.
Termino esta minha prédica que já vai longa, não querendo importunar mais Sua Alteza, Meu Rei, com as minhas encomendações.
Porém, ao acabar, peço humildemente a Sua Majestade, El-Rei D. Luís Filipe da Grande e Mui Nobre Pátria Benfiquista, D’Aquém e D’Além Mar, que use de toda a Sua Magnanimidade Caridosa, que continue a ser um excelso acribólogo nos Seus Decretos Reais.
Com a humildade devida por um Vosso súbdito fiel, Vos peço pois que, na Vossa Régia Bênção e na Penitência que acheis por bem conceder, ordeneis aos Vossos súbditos que executem uma infundice adequada a tão grande e variegada patetice de um gentio infiel que não ousa ouvir os Vossos Evangelhos do Benfiquismo, apesar da mui esforçada pregação dos Vossos Fiéis Apóstolos.
Com a Vossa Mercê,
PERO VAZ DE CAMINHA
Por Pero Vaz de Caminha, mui humilde servidor de Sua Alteza
Sabe Vossa Alteza, El-Rei da Grande Pátria Benfiquista, D’Aquém e D’Além-Mar que, em honra das armas e das divisas de Sua Majestade, o seu Mui Nobre Reino pratica a Fé, a Esperança e a Caridade.
Estas Mui Nobres Virtudes do Evangelho do Símbolo da Águia Gloriosa e Altaneira plasmam-se no Vosso Reino Benfiquista como um dom metafísico do seu existir ontológico.
A fé e a Esperança são os dons que, inscritos nos Santos Evangelhos que compõem o Antigo e o Novo Testamento do Benfiquismo e pregados pelos Seus Apóstolos, preenchem os recônditos da Alma Benfiquista dos Teus humildes súbditos.
A Caridade é o dom que Teus humildes súbditos, sob inspiração de Sua Alteza, praticam devotadamente para com os degradados ontófagos, infiéis cuja vivência nestas terriolas vizinhas do Vosso Augusto Reino nos confrange pela sua nudez de gentios das cavernas e, por mais que Vossos devotados Apóstolos os tentem converter à única e verdadeira Fé com as suas sacrossantas e inflamadas prédicas do bom-senso, ainda não conseguiram passar além da sua entranhada esterquice.
A caridade, Majestoso Rei deste Majestoso Reino, é o dom que este humilde servo ousa dever pedir-Vos que ordenais seja a prioridade dos Vossos Apóstolos para a conversão final do estercorário Ferreira.
De facto, no seu acrimonioso achinfrinar, Ferreira escreve tolices pegadas que, se ficam a condizer com o seu ser e viver, não são suportáveis à luz da Caridade do Vosso Reino Majestoso.
Escreve, por exemplo, que o seu clube se tem “mantido a lutar por um título que podia ter sido alcançado por mérito próprio não fosse o demérito e a falta de honestidade e seriedade de outros”.
Ferreira também se revela um emérito açulador contra o que lhe parece ser um engulhamento “de muita gente” pelo facto de o seu clube ter “muitos jovens portugueses”.
E aventura-se mesmo a ser um comicieiro burlesco, tal o atormentamento que acomete o seu delinquido, indigente e infiel pensamento. Assim, no transvario do seu pungimento, até já vai gesticulando no seu grunhideiro ululante que o “aeroporto vai para Alcochete porque aí embarcam portugueses e no de Lisboa só desembarcam estrangeiros”.
Ferreira termina com uma profissão de fé nativa e infiel, contrária aos Evangelhos do Benfiquismo de que Vós sois o mais Alto Guardião. Na sua ululação, vociferou ele que “um dia os ladrões hão-de ser descobertos e apanhados!... ”
Venerando Rei, Ferreira está num estultilóquio de tonterias que lhe obnubilam todo o discernimento da realidade em que se afundou o seu clube. Ferreira navega no mundo das trevas do paganismo e ainda não viu a Luz, Senhor meu Rei.
Ferreira esqueceu que o colonialismo a que o seu gentio e infiel antepassado Roquette submeteu o seu clube, no acordo de protectorado militante com o reino da corrupção futebolística, só concedia aos nativos indígenas as migalhas da esterqueira em que vão vegetando na sua infesta religião.
Ferreira manda às malvas a acribologia do seu impulso junta-letras e fala em “falta de honestidade e seriedade”, numa peroração infiel contra os seus antepassados, mais do que contra o seu corrupto colonizador, arreminado mais com Roquette do que com o condenado Pinto da Costa.
Acresce, Majestade, que o clube de Ferreira parece ter, de facto, uns portugueses. Mas saiba que, por Vossa Mercê, o Seu governo e os Seus ministros, bem como os súbditos da Grande e Gloriosa Pátria Benfiquista, compreendem que, quem não tem cheta para comprar um par de sapatos, arremedeia-se com uns reles e esburacados tamancos.
Também sabemos que Sua Alteza é Magnânimo. Por isso, sabe que, se o aeroporto for para Alcochete, ele vai ficar afastado quanto possa, numa medida da mais elementar higiene, da esterquice a que alguns indígenas pagãos ousam chamar de academia mas que é mais conhecida pela academia do pedregulho que serve de banca e de assento a meia dúzia dos ditos nativos ontófagos.
Com a devida Mercê de Vossa Majestade, parece que ninguém ouviu falar que os gentios infiéis tenham embarcado, nestes anos mais chegados, algum português oriundo da dita academia da pedrada. O último e único que de tão pedregoso e inculto lugarejo proveio já foi há uns três anos, no mínimo. Era uma bailarina travestida de jogador e embarcou no aeroporto … de Lisboa.
Tem havido, efectivamente, uma publicidade promocional abundante e variegada mas aqueles portugueses gentios de que fala Ferreira não têm tido acolhimento nos Reinos da Fé.
Meu Nobre Rei e Senhor, sabe Sua Alteza muito bem como terminam as profissões de fé dos gentios que vivem mergulhados no paganismo. Elas até conseguem cumprir-se algumas vezes, mesmo que advenham dum obnóxio e num engasgo fedúncio, como sequelas das pauladas por ousar candidatar-se a chefe dos gentios!
Foi assim, todavia, que Vossa Majestade apanhou e castigou os ladrões do vosso tresloucado súbdito Miguel.
Termino esta minha prédica que já vai longa, não querendo importunar mais Sua Alteza, Meu Rei, com as minhas encomendações.
Porém, ao acabar, peço humildemente a Sua Majestade, El-Rei D. Luís Filipe da Grande e Mui Nobre Pátria Benfiquista, D’Aquém e D’Além Mar, que use de toda a Sua Magnanimidade Caridosa, que continue a ser um excelso acribólogo nos Seus Decretos Reais.
Com a humildade devida por um Vosso súbdito fiel, Vos peço pois que, na Vossa Régia Bênção e na Penitência que acheis por bem conceder, ordeneis aos Vossos súbditos que executem uma infundice adequada a tão grande e variegada patetice de um gentio infiel que não ousa ouvir os Vossos Evangelhos do Benfiquismo, apesar da mui esforçada pregação dos Vossos Fiéis Apóstolos.
Com a Vossa Mercê,
PERO VAZ DE CAMINHA