terça-feira, março 31

NOTAS SOLTAS

1. Nos meios jornalísticos, televisivos e radiofónicos, foi um fim de semana pacífico. O empate alcançado pela selecção principal deixou-a com os dois pés de fora da fase final do Mundial, mas isso não foi motivo de grande celeuma. Não há críticas ao seleccionador do sistema, às suas tácticas ou às suas escolhas. Cumpriu-se o programado pelo patronato coveiro do futebol português, expostos os seus desígnios de feira de jogadores, feitas as suas promoções.
Os magarefes e moços de recados voltaram ao antigo fado das vitórias morais, das esperanças matemáticas, das contas de somar e subtrair, mais subtrair do que somar.

2. No meio de tanta bonança, sobra algum realce para episódios de ridículo pitoresco, tal como o beija-mão de Santarém. Mesmo uma comunicação social, hiperbolicamente exagerada em termos de esbirros do terceiro clube de futebol nacional, deu pouco ênfase ao beija-mão dos seus confrades, preferindo publicitar mais as críticas de Dias da Cunha, o ausente mais presente dos media.
Pouco havia a esperar, de facto, de um clube amorfo, sem alma, sem sócios, sem assistências, sem dinheiro. Um clube sem sócios os quais, diz Dias da Cunha, em poucos anos se transformarão em sócios sem clube.
Um clube que pactuou a subalternidade, o método da pedinchice. Um clube que não vive por si e para si, mas para o ídolo e patrono condenado por tentativa de batotice desportiva. Um clube que ajustou as migalhas que este, distraído, por vezes vai deixando cair ao chão.
Deste beija-mão sobressaiu Rogério Alves na tentativa de esconjurar adversários, inimigos e batoteiros internos, porque, afirmava, já lhes bastavam os de fora.
Estava, com evidente certeza, a referir-se ao amásio do seu patrono, quer porque comprovadamente este é o único batoteiro condenado e a cumprir pena, quer porque ainda há bem pouco Rogério Alves, indignado com mais uma batotice parola, se recusou a estar presente no antro da batota inimiga.

3. Mais condescendente e muito menos incomodado se mostrou o ministro que tutela o desporto. Risonho de aprazimento, ei-lo regalado junto do condenado a cumprir pena. Estamos em crer que, se alfaiate necessário fosse para compor fato às riscas, em total harmonia, ele se apresentaria a tempo e horas.

4. Em contraste, Madaíl sorumbático por pouco não descolava o traseiro do assento, tão ensimesmado e meditabundo se apresentava. Não se tratou de compensação pela urgência do abandono anterior. Menos ainda a magicação sobre as exéquias fúnebres de Queiroz. Não é Madaíl que ordena nas solenidades e nos epitáfios.
Madaíl fazia contas, não aos pontos mas aos contos, perdão, aos euros. Expulsos do Mundial por tibieza, ignorância e vassalagem, estão em perigo seus salários de servitude.
Em tempos de crise, transpareceu um pouco de precaução. Madaíl sabe bem que para salários em atraso já chegam os dos jogadores de tantos clubes em bicha, na busca de migalhas prometidas e nunca ressarcidas.
O pagador de promessas está a cumprir pena.

5. Sem falações de desperdício ou subservientes, mas com pragmatismo e subtileza, substituiu-se na Liga o clube que seu ídolo e patrono há muito exigia abandono e que se bastou com reles pretexto, de acordo com a fotografia dos personagens.
Paulatinamente e nem sempre com a necessária vassourada, este Loureiro demonstra não ter costela de antigos Loureiros ajudantes de coveiro na mestrança da corrupção e da podridão do futebol luso. Sem contágio, na reserva dos sábios, vai tentando e conseguindo fazer pequenas limpezas, cujo mérito se não deve regatear.

6. Por falar em Hermínio Loureiro, um tal Pereira dos Santos vai anunciando na sua escrevedura que ele tem medo das assobiadelas, se ousar meter os pés no Dragão.
Não se pode dizer que este anúncio seja um mau prenúncio. Hermínio Loureiro está-se marimbando para as assobiadelas que o não incomodam. São outras as razões.
Hermínio Loureiro sabe bem que as assobiadelas que vêm daquelas bandas são presentes à Ricardo Bexiga. Soube ler, ver e ouvir o que disseram Paulo Assunção e Mourinho e, há bem pouco tempo, os temores por que passou o Dr. Ricardo Costa.
Isto é, e para simplificar, Hermínio Loureiro conhece bem que a receita do Dragão é bem mais perigosa para a sua saúde, com as bênçãos das autoridades policiais não raras vezes.

7. As novidades sobre as competências de um conselheiro familiar há pouco anunciado eram já bem conhecidas de uma certa relatora lá das bandas. Tão fecundas e sabichosas credenciais levaram a que a dita relatora fizesse uma obra de arte laudatória para tribunal apreciar. O estilo era tão apurado quanto a mentira e a aldrabice era corriqueira, de tal modo que os superiores de tão ilustre prosadora se vergaram à excelcitude e oraram extasiados:

“É Deus lá nas Alturas e Pinto da Costa, o condenado, cá na Terra”!

Não tinham por que se extasiar os ditos superiores. Era o anjo da justiça divina a entoar seus excelsos cânticos de gratidão!