sábado, fevereiro 6

A ÚLTIMA ESCUTA

- Táááááám? Táláááááá?
- Sim, tôôôôôô…
- Fala Gio. Como vais, Tony?
- Ah! Ó Gio, bom-dia! É pá, desculpa lá. Estive aí em Milano na semana passada, mas nem pude ir ver o desfile, nem beber um copo contigo…Ó Armani, desculpa lá a maçada…
- Tony, Tony! Olha que não estás a falar com o gajo da moda e dos perfumes. Tás a falar com outro Gio…o Di Bufa, o de “Palermo”, carago! O Giooooorgio diiii Buuuufa de “Palermo”, carago! O teu padrinho, ó morcão! Qual Milano, qual caralho!
- Ó padrinho! Ó presidente! Ó meu deus! Ó santo dos santos! Ó verdadeiro salvador! Que diabo, podias ter dito logo que eras tu! Sabes que pelo telemóvel não se sente o teu perfume.
- Eh, eh, eh, eh! Era só para gozar contigo, ó morcão!
- Espectacular, padrinho, espectacular! Esta foi de génio! Livraste-me de boa, carago! Então querem lá ver, que depois de termos saltado mais uma vez fora da carroça, se não fosses tu mais as tuas jogadas do costume, lá teria que me haver com os associados. Ainda bem que apareceste na hora H. Porra! Aqueles gajos das Caxinas são quilhados! Disseram que vinham aqui discutir a passagem às meias, palmo a palmo, e nem nos deixaram respirar. Olha, já fomos! Outra que foi ao ar!
- Pois é, pois é, ó Tony, e já sabes que dentro de pouco tempo lá terás que abrir alas para me dares passagem. Amanha-te como quiseres, mas já te ajudei muito. Agora trata sozinho de ti. Para já fiz o que tinha a fazer!
- Ó Padrinho, a cópia é que foi difícil de passar. Desde a primária que tive sempre dificuldades em copiar. Tive sempre mais jeito para fazer o que me mandam – a modos que servente de pedreiro. Trolha, percebes? Ai, e o que me custou escrever vermelho e branco! Eu que tanto gostava que fosse azul e branco
- Deixa tár, ó Tony, deixa tár! Assim disfarças melhor a coisa. Não dás tanto nas vistas, carago! Já aí temos o imberbe do técnico, fomos buscar para director aquele cepo lagartinóide aos submissos, tens aí alguns craques daqui de “Palermo”, o que é que queres mais?
- Nada! Nada, ó presidente! Ó meu querido Gio, eu só quero ver-te novamente à frente. Só isso!
- Ah, assim bem, ó Tony! Para salvador destas coisas já basto eu! Mas gostaste da carta aberta que te enviei, gostaste ou não gostaste, eh, eh, eh, eh?
- Ó padrinho, já lá está na net. Não podia falhar. No nosso site e tudo! Mas tu és mesmo muito malandro, sabes? Quando os lampiões comeram da canja ficaste mudo e quedo. O teu campeão de kung-fu, o Tigre Alves da Malásia distribui porrada de criar bicho e nada. Agora que aqueles dois mocótós que lá tenho, só por passarem a mão pelo pêlo do vermelhusco do sul-americano, levaram aquelas bordoadas, obrigaste-me a barafustar, a berrar, a copiar a tua carta aberta e a publicitá-la no nosso site. Eu quero mas é ver, como é que vou meter trinta mil almas naquele mar de pedra, ai quero, quero…
- Ó morcão do arcebispado, não te preocupes que eu já tenho isso sob controlo. É a 14, num domingo, não é?
- É sim padrinho. Desta vez não pudemos antecipar para 6ª…
- bem. Olha, já dei ordem ao Alphonse para fretar um comboio para levar daqui de “Palermo”, pelo menos, dez mil supercabrões, três mil morcões e dois mil símios para te darem uma ajudinha. Para a coisa ficar melhor compostinha. Olha, e já sabes, quem vai a conduzir a locomotiva é mesmo o Alphonse. Assim, nem jornalistas e fotógrafos escapam…
- Ó padrinho, desculpa lá, mas tu sabes tão bem como eu, que esta merda só enche quando cá vêm aqueles sulistas vermelhos de uma figa! Eu bem ando há um bom par de anos a tentar enganar os vermelhuscos daqui, mas eles afastam-se cada vez mais do clube da cidade…
- Pois é, pois é! Mas olha, ó Tony, já liguei ao Tavares-Relles, para ele, no seu artigo da próxima semana, apelar às massas, para teres aquilo cheio de gente…e a “arrastadeira de Leça” também já está a par de tudo…
- Quem é a “arrastadeira de Leça”?
- Eh, eh, eh, eh! É um lacaiozito que nós temos infiltrado no jornal diário dos lampiões, aquele onde escreve o tendeiro-paineleiro e o Tripa-Monga!
- Ah, padrinho! Que bom, que bom!
. Vá, cala-te e não comeces a dar nas vistas como destes, quando viestes cá, à festa da entrega dos pidás-de-ouro, na Pocilga. Não mijes fora do carreiro, ouvistes?
- Sim padrinho, sim!
- Vá então. Vai lá fornicar a cabeça ao orelhudo e bigodudo vermelho e àquela cambada de centralistas, tendo sempre presente que estás ao serviço da nobre causa do Fruta Corrupção & Putêdo!
- bem padrinho, a tua bênção…
- Tás abençoado, afilhado brácaro! Para a próxima vens direitinho beijar o anel…dourado.

GRÃO VASCO