Parece que a "agressao" a Rui Santos está a mexer com "meio mundo".
Porque neste blogue, encontro opinioes as mais díspares possíveis, e me encontro, nao o nego, muito dividido, senti-me na obrigaçao de recorrer aos meus tempos de meninice para tentar resolver o meu trilema.
Desde já digo que nao me recordo do autor desta "estória", mas para o caso até que nem é o mais importante.
O importante é o problema moral (ou ético?), digamos assim, que ela levanta.
Claro que nao espero que me seja dada razao, assim como espero que me la dêem.
Parece um paradoxo, mas nao é.
Vamos entao à "estória":
-numa certa aldeia (tinha que ser), havia um sapateiro que era "marreco". O bom do homem vivia com esse desgosto, calado, nao se metia com ninguém pois, no seu pensamento, o defeito físico era o suficiente para lhe amargar a vida. (Lembro que durante a Idade Média um "marreco", era ostracizado, porque dizia a Igreja que, "se Deus te marcou algum defeito te encontrou). Por azar dele, na rua onde tinha a pequena oficina, todos os dias, a caminho ou no regresso da Escola, passavam bandos de crianças, que nao tinham mais nada que fazer que chacotear com o triste sapateiro. Um dia, uma semana, um mês, um ano, vários anos, a criançada fazia o mesmo, e passava este "divertimento" de mais velhos para mais novos (já todos fomos crianças e sabemos como é).Um dia, já farto de ser objecto de tanta chacota, o sapateiro num acto irreflectido, atirou uma pedra ou algo assim a um miúdo. E desgraçadamente matou-o. Preso, foi a julgamento. O advogado de defesa começou assim a sua defesa: " sr. Dr. Juíz, minhas senhoras e meus senhores". E nao saía desta lenga-lenga, que durou bastante tempo. Até que o Juíz, enfadado, lhe perguntou, que raio era aquilo, se nao tinha nada mais a dizer. Entao, o advogado de defesa disse: sr. Dr. Juíz, por 45 minutos que estou a repetir o mesmo, já estou a aborrecer este Tribunal. Que dirao V.Exª's de um homem que, passou anos a ser diariamente insultado? Termina a "estória" dizendo que o sapateiro foi absolvido.
Nao faço sequer qualquer juízo de valor.
Apenas deixo aqui esta historieta, para que cada um louve ou condene, para si mesmo, a acçao dos que alegadamente agrediram Rui Santos.
Mas que nao condene nem louve quem toma posiçao seja ela qual fôr sobre o assunto.
E parafraseando Jesus Cristo: "quem nunca pecou, que atire a primeira pedra".