quarta-feira, janeiro 21

“PALERMO” e “O ESPECIAL DE CORRIDA”

Nesta altura, a Lusitânia é para Zézinho Moirama, sòmente uma estância de repouso e meditação, onde arquitecta novas estratégias de condução de equipas e essencialmente tácticas de “guerrilha” e de “pressão” contra jornalistas estupidamente incorrigíveis, apitadores e próprios colegas de profissão, em futuras contendas que se avizinham.
Zézinho Moirama, o “Especial de Corrida”, acabava de completar a prova final, do derradeiro capítulo de um curso intensivo, pago a peso de ouro - “Parlare presto il Dialetto Lombardo”. O professor estendeu-lhe a mão, cumprimentando-o, dando-lhe os parabéns por tão bom aproveitamento. Agora, sim, já estava apto para os novos desafios que se avizinhavam.
O último ano no activo, mais propriamente no “FCCelse”, culminado com um valente chuto no “traseiro”, não lhe tinha trazido boas recordações, a não ser um mealheiro incrivelmente atulhado de “petrorublos”, cujo valor equivale a qualquer coisa como centenas de reformas de palermas e indigentes compatriotas seus, que vergonhosamente lhe apararam e aparam sempre o “jogo”, bajulando-o e venerando-o caninamente, a troco de umas míseras migalhas, traduzidas em entrevistas e “peças jornalísticas” reles e medíocres.
A mala estava feita, sem esquecer aquele amuleto seboso e mal cheiroso com vários metros de tecido, o sobretudo das suas vitórias na Old Albion.
Tinha-se preparado bem, mas não iria encontrar a velha e sonsa fleuma saxónica.
Ia partir para a “Lombarda”, província nortenha do país da “Bota de Cano Alto”. O seu destino era o “CFÍncter”, em “MaMilano”, uma cidade devotada ao “pontapé na bola” e em que a rivalidade entre o “CFÍncter” e o “CAMilanini”, provocava e provoca entre os seus adeptos, paixões loucas e dramas de faca na liga, e por vezes até doenças graves como o “tiffo”.
Todos estavam atentos à chegada do homem tirocinado em “Palermo”, onde aprendeu todas as manhas, truques e jogadas rasteiras e serviu o FCBatota, um clube que anos e anos a fio construiu um verdadeiro império mafioso, uma “società” quase inexpugnável e indestrutível – “a corja”, corruptora e corrupta – que foi sempre a base das suas subterrâneas vitórias.
Orientadores como, LAncelotti, Rananieri, Manxini, Rossini, Spaguetti, Luppi, entre outros, já não foram apanhados desprevenidos. Aqui, na terra da “Bota de Cano Alto”, Zézé sabia e sabe, joga-se com classe, sem pontapé para a frente e meia bola e força, e muito bem com os pés, ou não fosse o mapa do país semelhante a uma bota, com a ilha das “societàs” a servir de bola.

Em “Palermo” da Lusitânia, que aqui para nós, é em determinadas áreas, uma cópia perfeita da genuína, o FCBatota, por variadas razões, vivia um clima de ebulição, como sempre artificialmente criado para conseguir por todos os meios lícitos e ilícitos, vantagens financeiras e outras, cuja finalidade era estancar o descalabro e a desorientação orçamental, causadas por um despautério total, por vigarices e enriquecimentos ilícitos – a sentença de prisão efectiva a Espreguiçadeira Mentes por grossas maroscas na banca, com a conivência de grandes tubarões ligados à “corja” e a prenda de um bólide desportivo descapotável de duzentos mil euros oferecido por D. Giorgio à sua segunda-ex-actual, são disso um bom exemplo - e por ligações promíscuas, já antigas, a um submundo verdadeiramente tenebroso, de “gangs”, “proxenetas”, “bruxos” e toda uma “corja” interminável de patifes e criminosos.
D. Giorgio di Bufa e D. Tony Salvatore, seu mais recente aliado, substituto à última hora de D. Ermílio Amassêdo, epitetado de “mouro-novo”, agora bem “amassado”, caído em desgraça pelo “affaire” WEFA, conspiravam.
Jogadores para aqui, jogadores para ali, era vê-los num corrupio doido para colocar todas as peças do tabuleiro de xadrez nos sítios que mais lhes convinham, subjugando, ameaçando e vergando todos aqueles que manifestavam o mais leve sinal de discordância, com D. Salvatore sempre disposto apanhar todas as “raspas”.
Era a “società” em todo o seu esplendor!
Estavam quase todas as peças encaixadas, excepto uma. Um cavalo “gitano” – a que alguns idiotas, lambedores de botas e lacaios assumidos apelidavam anedótica e provincianamente de “mustang”, como se aquilo tivesse sido importado das pradarias do oeste americano – habilidoso, mas irreverente e desordeiro por natureza, e que pelo seu reincidente comportamento estava difícil de domar, tornando-se um incómodo para todos os elementos da “corja” batoteira, deixando inclusivamente o canídeo do “Juju” entre a espada e a parede, e a dar, como é seu timbre, desde que miseravelmente fez “votos de obediência” canina no anfiteatro da “corja”, respostas esfarrapadas e ridículas aos microfones, eivadas sempre, de um profundo rancor, tentando coniventemente encobrir uma situação penosa e vergonhosa para todos eles!

D. Giorgio, julgando-se ainda nos seus bons velhos tempos de impunidade absoluta, onde fazia o que bem queria e lhe apetecia, reclamava uma fortuna incalculável pelo seu “gitano”, uma miragem directamente proporcional à sua progressiva senilidade e impotências de vária ordem.
Desesperadamente, nos limites temporais admissíveis, lá conseguiu empurrar o animal para o “FCÍncter”, não sem que Zézinho Moirama, ainda agastado com as desagradáveis peripécias da sua passagem pelo FCBatota – dizendo, inclusivamente, nessa altura, que, [ir a “Palermo”, só com guarda-costas muito bem treinados e um exército com armamento de “ponta” e muito sofisticado!] – fizesse o jogo do seu novo patrão, deixando arrastar as negociações, ao ponto de o “gitano” ter sido desvalorizado em mais de metade do que aquilo que Giorgio pretendia, entrando também no negócio um “patarata” com uma alcunha, plagiando o nome de um monstro sagrado da bola, dizendo à sua chegada, que, antes do futebol, quando “engraxava sapatos”, já levava o cachecol do FCBatota ao pescoço!
Humilhante! Simplesmente, humilhante!
Toda a “Palermo”, mas mais as suas gentes dadas a estes obscuros negócios, comentava em surdina a “barraca” deste fiasco e perguntava, acabrunhada, como é que D. Giorgio iria repor a sua “honra”, após não ter cumprido com o prometido - a reposição da diferença pela qual ele disse que só negociaria. Os “jornaleiros”, uma cambada de cobardolas, ranhosos e vendidos à “corja”, nada disseram, pois já sabem e saberiam à partida, que os “esbirros” de D. Giorgio, não tardariam a pôr em acção as suas habituais “vendette”.
Longe das grandes “jogadas”, desacreditado perante muitos dos seus cegos e ignaros fiéis, por vários passos em falso recentes, com “Palermo” atónita, cogitando no seu futuro, sem um “chefe” fiel depositário da tenebrosa herança, o decrépito Giorgio Di Bufa, o todo-poderoso de outros tempos, brevemente iria deixar o seu perverso legado. Parte dele, infelizmente para a “corja”, já tinha sido denunciado e já tinha ruído!
Esta última atabalhoada manobra que envolveu o “gitano”, a aquisição traiçoeira de um “bolbo” recorrendo a uma velha táctica sabuja, inovada com as lavagens e os branqueamentos nas “off shores” e a obscura e trapaceira compra do passe de um personagem fantástico da banda desenhada, obedecendo a “códigos” de elementos mais recentes da “corja”, acalmaram as hostes no FCBatota, não sem que viesse uma antiga falsa virgem andrade, careca, corrupta e batoteira, apregoar ridiculamente que um “bolbo” é cem vezes melhor e mais valioso que um “cavalo”!
Isto aconteceu em “Palermo”…
Decerto que ainda acontecerão muitas coisas mais!...
… até que a “bófia” lhes deite as unhas,…
…o que, sinceramente, duvido!

GRÃO VASCO