Nao. Nao estou aqui a fazer a apologia da frase, com que Joao Paulo II, desencadeou a reviravolta na sua Polónia natal, através do Sindicato Solidariedade.
Deixei passar propositadamente dois dias após a ida de Luís Filipe Vieira, à CD da Liga para prestar declaraçoes.
Nao se sabe o teor das suas declaraçoes, pois assinou "um pacto" de nao divulgar o que se passou.
Mesmo assim, podemos fazer considerandos acerca da atitude do Presidente do Benfica.
E tirar algumas ilaçoes.
Em primeiro lugar, LFV, demonstrou ser um homem de coragem, o que infelizmente é de enaltecer, pois deveria ser uma atitude banal sem ter que ser enaltecida.
Mas é o País que temos.
Em segundo lugar, LFV foi muito claro num dos recados que enviou: "deixem de me telefonar a fazer queixas, denunciem.
Se têm coragem para tanto, acrescento eu.
Isto revela, à saciedade, a espécie de dirigentes que pululam no futebol cá do burgo
Antes, o ser dirigente dum clube de futebol(ou de qualquer outro Organismo), era o reconhecimento por uma vida marcada, por rectidao e lisura de processos. O dirigente dava a cara, pois sabia que muitos olhos estavam fixos na sua acçao, de tal modo que principalmente para a juventude, era o exemplo a seguir. Os adeptos orgulhavam-se, a juventude seguia-o.
E agora?
O oposto.
Homens com uma coluna vertebral elástica, vivem na sombra dos compadrios e do medo.
Na escuridao de bastidores, tratam de "fazer pela vidinha" caem de paraquedas nas presidências, e para que os adeptos os idolatrem, pensando que estao a alicerçar o Clube, sujeitam-se a todo o tipo de negociatas, hipotecando irremediavelmente o bom nome e nalguns casos o Futuro dos "seus" clubes.
Em terceiro lugar, uma liçao de humildade, uma liçao de um Homem simples, consentânea com a origem do Clube: o Povo.
Reconhece que cometeu erros e disse algo, que ninguém refere:"se quisesse pôr o Benfica a ganhar só por ganhar seria fácil".
Em quarto lugar disse para quem o quis ouvir: nao tenham medo.
E este nao tenham medo foi dirigido a todos os que lhe telefonam a queixar-se, inclusivé aos árbitros.
Destes já sabemos há muito do que a casa gasta.
Quanto à honestidade dos diversos agentes do futebol, estamos pois conversados, o mesmo será quanto à coragem.
Pois bem LFV esteve "só" cinco horas a "depôr".
Que relevo mereceu tal facto? Apenas um programa de um serventuário qualquer, a apresentar um programa onde se queria relacionar o Glorioso Benfica ao regime de Salazar.
Pois bem, um Clube que fazia parar a guerra, tal como Lobo Antunes, disse: punhamos os altifalantes para a mata e a guerra parava. Nao fazia sentido disparar contra adeptos do mesmo clube. Se fosse contra os do Sporting ou Porto enfim. Mas contra os do Benfica?
O Benfica, clube do antigo regime, por quem os guerrilheiros que combatiam esse mesmo regime, tinham um respeito reverencial?
Independentemente de tudo o mais:
Tenho um orgulho imenso em ser Benfiquista e em ter Luís Filipe Vieira como Presidente.
Como em tudo na vida a sua presidência é passageira, por isso, nas próximas eleiçoes a sua acçao será julgada. Aguardemos pois.
Gostava no entanto que a frase do título deste post desencadeasse também uma reviravolta no futebolzinho português.