Enquanto assistia ao “show” do presidente do SLBenfica, Luís Filipe Vieira, e logo a seguir, à aula magistral de Ricardo Costa, presidente da Comissão Disciplinar da Liga, lembrei-me muitas vezes dos meus tempos de menino e moço, quando em pleno verão, caçava lagartixas das verdadeiras.
Nesses dias de calor, os especialistas desta modalidade não falhavam, e sem darem quaisquer hipóteses, aplicavam a sua infalível técnica e todos os conhecimentos teórico-práticos para ganhar a competição, tentando caçar o maior número possível daquela bicharada rastejante.
Primeiro seleccionava-se uma palha bem flexível de feno e efectuava-se um pequeno nó com um isco, na ponta mais fina - mais pròpriamente um laço semelhante àquele com que se laça o gado, mas em dimensão minúscula. Depois teria de encontrar-se o lugar propício, o “habitat” da lagartixa. E por fim, reunia-se destreza, serenidade e paciência para “chamar” a lagartixa ao laço e num ápice puxar a palha pela sua base, de forma, a que a lagartixa na outra ponta, ficasse presa pelo pescoço ou pelo tronco. Ficavam laçadas e vivas, penduradas nas respectivas palhas, que por sua vez eram atadas a um pedaço de haste de vide, sendo novamente postas em liberdade, para nova caçada, após a contagem final.
Um entretém espectacular, muito instrutivo, que de uma maneira simples e empírica, nos ajudava a desenvolver as nossas capacidades de auto-domínio. Aprendi com alguns mestres mais velhos esta “arte”, e olhando para esses tempos, poderia considerar-me hoje um exímio caçador de lagartixas verdadeiras. E pelo que já constatei e como "quem sabe nunca esquece”, a técnica que adquiri, também serve perfeitamente para a outra espécie que hoje prolifera por aí e que conhecemos bem - as lagartixas submissas.
Foi o que aconteceu ontem, mas com outro tipo de bicharada – dois dragões e uma víbora. E com uma particularidade interessante, análoga à caçada das lagartixas – LFV e RC após laçarem respectivamente um dragão, aprendiz de entrevistador e uma víbora que ia com a lição bem estudada e dada por alguém que “sabia da poda”, largaram-nos vivos, outra vez, com enorme indiferença, no mato onde deambulam e se alimentam. Deixaram-nos em liberdade, reduzindo-os à sua insignificante expressão e à sua locomoção rastejante, semelhante à das lagartixas.
Quero referir também, que a caçada de RC foi de tal ordem e o seu domínio total das técnicas de caça foi tão evidente, que permitiu laçar numa só armadilha, para além de uma víbora real, um outro dragão, que mesmo no seu “habitat” preferido – a RTP 1 e o programa da indefectível superdragona, Judite de Sousa – e nem utilizando a táctica do “disse que disse”, mais parecendo um alcoviteiro do Bulhão, em cochichos e insinuações disparatadas, muita próprias de alguém que sofre de meteorismo, aerofagia e senilidade, se safou de ser apanhado também.
Assisti a uma exibição virtuosa de LFV, mostrando que está em grande forma tal qual a equipa do Benfica e a uma lição de seriedade, coerência e alta competência técnico-jurídica de um Homem de Direito que não tardará, enfiará no bolso toda uma cangalhada de jubilados, muito especialmente aqueles que de cachecol azul e branco ao pescoço, se sentam despudoradamente em camarotes presidenciais, a norte, e que têm colocado a justiça desportiva num caos.
Depois de algumas notas alegóricas, digo-Vos, sinceramente, Caros Companheiros, que LFV actuou inteligentemente, usando o seu saber de experiência feito e confirmando que o seu “staff” de comunicação está a funcionar atentamente e com a devida eficácia.
Em “Sinais de fogo”, cozeu com mestria, em lume brando, um dragãozito vìsceralmente anti-Benfiquista e pouco credível.
Se me perguntarem o que é que LFV disse na entrevista, eu digo-Vos com uma valente gargalhada:
- Nada!
- Mas nada? – insistis Vós.
- Sim, nada! E nada é nada! Disse tudo e não disse nada! – repito eu serenamente e com um sorriso irónico.
É verdade. Foi das melhores entrevistas de LFV. Agarrou no “superdragão” da SIC, com o tal laço feito da palha do feno, passeou-o como quis e lhe apeteceu, e quando se fartou dele…meteu-o no bolso, jogando-o fora no final da sessão.
- “Sr. Luís Filipe Vieira, quanto pesarão as futuras receitas televisivas no orçamento do Benfica? – perguntava aquele pachorrento azul e bronco.
- “O dobro, sim o dobro, talvez substancialmente mais…” – respondia-lhe LFV.
Numa outra parte da entrevista, LFV recomendou a seu espantado interlocutor que ouvisse as célebres escutas, dando-se ao luxo de lhe fazer uma pergunta, deixando-o completamente às aranhas.
O que eu me ri!
Se este foi o programa de “rock’n roll”, logo a seguir assisti ao que há de melhor de música clássica. Gostei imenso de ambos!
Já o referi acima, mas volto a dizê-lo – RC esteve soberbo.
Ana Lourenço, com a língua afiada, lançou-se que nem uma “fera” a RC. Nunca a tinha visto, assim, tão insinuante e tão felina!
Tivesse ela feito isso comigo e garanto-Vos que lhe contaria, ao vivo, exemplificando, o meu capítulo preferido da história das “Mil e Uma Noites” – o da noite dourada de Ali Bábá com a sua concubina predilecta.
AL, pelo que fez na noite de terça-feira, merecia-o. Uma entrevista bem preparada “futebolìsticamente”, em que fez perguntas inteligentes mescladas de um veneno mortífero a RC, eivadas de acinte e ainda outras, despropositadas. Podem dizer-me que esse é o papel de um entrevistador. Mas foi demais e demasiado esmiuçado para quem costuma abordar os temas com moderação. Gostaria de saber quem teria sido o seu mentor. Paradoxalmente, talvez mesmo sem se aperceber, na ânsia de um linchamento público, AL prestou um grande serviço a RC, à justiça desportiva e a todos os Homens sérios. Permitiu o esclarecimento total e cabal a um Homem que pôde ainda mostrar a sua superior competência, isenção, seriedade e justeza nas decisões.
No entanto, a língua de AL não deixou de ser viperina do princípio ao fim, faltando por duas vezes à verdade, merecendo o reparo de RC e com as suas duas perguntas finais a mancharem por completo o que poderia ter sido uma das suas entrevistas de “top” – com um sorrisinho sonso, quis saber com quem RC “dormia” e se se considerava um justiceiro (no sentido depreciativo do termo).
Òbviamente que AL não tem nada com isso, pois ninguém está interessado também, em saber com quem é que ela “dorme” e quanto ao termo justiceiro, RC mandou-a recambiada para um bom diccionário de língua portuguesa.
Um péssimo final que revelou o seu lado mais grosseiro, básico e sectário de entrevistadora, neste âmbito futeboleiro. Mas já não é a primeira vez que o demonstra, quando a polémica e a desgraça atingem sem dó nem piedade, determinado clube condenado por corrupção.
Acabou laçada, como as lagartixas.
Avancemos para o Liverpool Football Club, s.f.f.
GRÃO VASCO