quarta-feira, novembro 19

Os Rapazes Sem Nome, por Sérgio Vitorino

Ao passar no Correio da Manhã encontrei este texto de opinoão de Sérgio Vitorino. É um texto importante por ser de um dos primeiros membros dos No Name Boys.


Em 1992, então estudante de liceu, ajudei à fundação dos No Name Boys. Em longas reuniões no Jardim do Regedor, discutiu-se o nome da nova claque. Ficou "os rapazes sem nome". Nada melhor definia a união de brancos e negros, desempregados e advogados, polícias e cadastrados, de esquerda e de direita. Um só objectivo: apoiar o Benfica, sem violência, nos estádios de Portugal e do Mundo (desígnio, acredito, que muitos NN ainda seguem).

O dinheiro vinha das quotas e da venda de cachecóis, t-shirts e calendários. Chegava. As tragédias têm o condão de mostrar de que são feitas as pessoas. Em 1994, no regresso de uma viagem para apoiar o Benfica na Croácia, um acidente levou-nos três amigos: ‘Gullit’, Tino e Rita. Cada um deu o que podia e pagámos os funerais. Abandonei após o homicídio no Jamor. Não queria ser visto como criminoso, embora naquele dia, entre quatro mil NN que lá estavam, apenas um o tenha sido. É com tristeza que vejo no que se tornou o grupo. Não é a mim, membro nº 115, que envergonham.É aos verdadeiros adeptos, como o ‘Gullit’, o Tino e a Rita.