quarta-feira, abril 4

Sector 26

Caríssimos todos,
3 dias passam sobre "O Jogo" ainda não me tinha pronunciado sobre tal, esperei até hoje só para ver até onde ia a hipocrisia da gente do nosso país. Ia e vai...
Todo o juízo que possam fazer, não sobre o jogo mas sobre tudo que aconteceu em volta dele, não é real, é baseado em textos que os jornaleiros sectaristas escrevem, sobre imagens que os operadores de camera captaram, mas que os editores trataram, ou sobre os relatos radiofónicos interrompidos uma ou outra vez com um qualquer lance de perigo no jogo.
Pois bem, aqui fica uma série de notas de quem não ouviu, a quem ninguém contou, de quem não leu, mas que viu e que viveu, naquele sector 26.
1. Antes do jogo iniciar dirigia-me eu e quem estava comigo para o sector 26. Fomos barrados no sector 21 porque estava uma vara de porcos em trânsito de fora para dentro do estádio. Grunhiam a música do costume, aquela que juntam o Glorioso nome do SLB, com a profissão das mãe e irmãs deles próprios. Deviam ser saudades delas, uma vez que estavam longe da pocilga que habitam.
2. Estavam os acessos bloqueados a todo o adepto que tivesse de passar para os sectores 23, 24, 25, 26. Esses mesmos adeptos que ali estavam à espera que limpassem a merda que estava ali na entrada a ocupar a via, cansados de ouvir tanto grunhido ofensivo ripostou com um "Povo de Merda, vocês são povo de merda!". Do meio dos porcos, veio pelo ar uma garrafa...escusado será dizer o que se passou a seguir: voou tudo que havia à mão, de ambos os lados. Então já longe do local assisti a uma cena digna: O corpo de intervenção, essa força de elite, de brio e de coragem, desatou a dar bastonadas aos adeptos que só queriam passar...a parte incrivel é que maior parte dos adeptos que levou....eram mulheres! Bravo polícia!
3. Já dento do sector 26, o jogo levava 4 minutos e já o burro alves tinha comido com um amarelo, quando a 2 metros do local onde eu estava rebenta um petardo na perna de um jovem que lá se encontrava - abriu-lhe a perna. Ensanguentado, arrastou-se, comigo e com mais uns poucos de adeptos preocupados à zona da polícia onde mostramos o estado da sua perna e perguntamos aos agentes que estavam reunidos em grupo de 10 ou 12 de mãos atrás das costas a ver o jogo na zona de circulação interna da Catedral, se estavam à espera que alguém morresse na bancada para intervir, responderam que tinham ordens para não intervir....
4. Caiu o 2º petardo ao lado de uma senhora que ficou combalida com o som, o povo ficou revoltado. Ir chatear a polícia que estava a ver o jogo? Pura perda de tempo, voltou-se tudo para dentro do recinto onde apareceu o corpo de intervenção...ehehehe...para tomar conta de pessoas que estavam apenas a ver o jogo...foi perguntado ao chefe de fila daquela unidade se não interviam lá em cima - no sector que serviu de curral - respondeu "que estavam devidamente vigiados"....sim, claro, era notório.
5. O pepas que deveria ter sido alvo de sumaríssimo e não foi acabava de marcar, era demasiado óbvio que iriam chover ou petardos, ou cadeiras. Dito e feito, um petardo caiu noutro sector, não vi se caiu em alguém, mas a cadeira caiu em cima de um senhor que ficou de imediato estendido. Ora mais uma vez, foi demonstrada a nossa indignação pela não intervenção da "força de (in)segurança" através da cadeiraarremessada entregue mesmo aos paneleirinhos do corpo de intervenção.
6. Sem respostas o povo ficou doido. Lembro que aquele sector, o 26, seria dos sectores onde estariam maior número de crianças. Aquele sector tinha bastantes adeptos do fóculporto que acompanhavam Benfiquistas e que estavam devidamente identificados. Ora, sem respostas, dizia eu, uns artistas resolveram fazer ver à polícia que estava tudo errado e afirmaram: "Não intervêem? Bora desancar em tudo que seja azul!" - óbviamente não era a resposta....
7. Um adepto do fóculporto tinha acabado de ficar sem cachecol e levado umas bofetadas. Precisavam de mais, dirigiram-se para o local onde estavam 1 pai do benfica, a mulher e 2 filhas do fóculporto...as miúdas aperceberam-se do que estava para contecer, o pai ficou em pânico, tivemos de intervir, aquilo não era resposta, entendi a ira e revolta dos adeptos do Glorioso, mas não poderiamos ter comportamentos de animal. Tiveram o bom senso de esconder os cachecois - infelizmente para eles....adeptos....que pagaram para ver o jogo sossegados.
8. De petardo em petardo as coisas iam acontecendo, mais poderia detalhar, mas guardarei para futuros posts, pois o que vi do sector 26 ainda vai dar muito que falar. Não queria porém terminar sem vos deixar pequenas curiosidades:
- A polícia que estava a tomar conta dos animais esteve grande parte do jogo a olhar para o mesmo jogo.
- A polícia que estava no terceiro anel a tomar conta daqueles animais era em número reduzido.
- A polícia que estava lá, no curral dos porcos não estava equipada para intervir.
- O Corpo de intervenção, esse sim, preparado para entrar em acção, sobretudo se fossem mulheres, estava lá....na relva, mas estava! Acredito que pudessem serenar o comportamento dos animais, mas os bastões apesar de compridos não chegavam da relva ao terceiro anel. Estavam no sítio errado.
Por isso, e não descuidando o erro de colocação dos animais, que deveriam ter sido colocados a 310 kilómetros do sector onde ficaram, há um grande culpado sim: A Polícia de Segurança Pública - que são uns cobardes de merda e uns cooperantes de assassinos.
Última nota - Repulsa. Repulsa é o termo certo para caracterizar tudo o que senti e sinto quer por animais sem escrúpulos que estão a denegrir constantemente a Cidade do Porto e repulsa por ser contribuinte e parte do meu dinheirinho servir para pagar ordenados a agentes que se limitam a bater em mulheres....
Um fotojornalista foi convidado a tirar a fotografia à perna do primeiro alvo de um petardo....mas recusou.O jovem mostrou a perna ao operador de camera da sporttv que estava ali ao lado da baliza....mas ele dignou-se filmar apenas o povo a protestar. E assim a opinião pública discute apenas os lances do jogo.....
Ninguém me contou, eu não li....eu VI!