quinta-feira, dezembro 13

Serviço público pela mão da Leonor

Crónica da Exmª Srª Dª Leonor Pinhão num pasquim qualquer:

Com uma ou duas ou duas e meia ou três impressões digitais de Óscar Cardozo – é à escolha do freguês – o Benfica venceu normalmente o Sporting em Alvalade. “Normalmente” porque nos últimos anos é o que tem acontecido com frequência e “normalmente” porque este ano o Benfica tem persistido em ganhar jogos de “remontada”, como dizem os espanhóis.
Sofre um golo e depois dá a volta por cima. Foi o que aconteceu em Alvalade.
O jogo foi correctíssimo de parte a parte e quanto ao árbitro nem se deu por ele, que é o melhor elogio que se pode fazer a um árbitro. Costuma dizer-se que não há derby sem penalti e este último não fugiu à regra.
Em cima da sua linha de golo, Boulharouz defendeu a soco um remate de Salvio e nem protestou a decisão do árbitro, encaminhou-se cabisbaixo para a cabina e foi tomar o duche mais cedo.
No entanto, se o Sporting não estivesse num desconcerto e vivesse um momento mais consentâneo com a sua história, lutando pelo título como foi garantido no início da época, teria todo o direito e toda a vantagem em protestar contra a decisão do árbitro.
- Mas só há uma equipa em Portugal que pode jogar à mão na área?
Ou mesmo:
- Foi bola na mão, não foi mão na bola!
E até, citando argumentos alheios:
- Foi involuntário, foi um lance completamente involuntário.
Quiçá num momento raro de coragem política:
- Mas penalty porquê? O que é que o Boulharouz é menos do que o Alex Sandro?
Mas não, o Sporting está em baixo e já lhe falta ânimo para estas tiradas psicológicas. É certo que antes do jogo, houve um grande abuso de tiradas psicológicas por parte dos comandos leoninos que se resumem, neste momento, ao presidente. Mas saiu tudo ao contrário do que era previsto.
Por exemplo, ao intervalo, o Benfica perdia e como o Sporting ganhava, Godinho Lopes não desceu à cabina para dar murros na mesa. Mais esperto, muito mais esperto, Luis Filipe Vieira já estava na cabina ao intervalo, quando o Benfica perdia, porque foi lá que viu o jogo todo.
E foi por isso que não atendeu o telefone.
Jorge Jesus também esteve bem ao intervalo. Limitou-se a dizer aos jogadores:
- Pronto, já passaram as 72 horas e agora, se não se importam, comecem a jogar à bola.
E foi isto o derby.

(...)
Mas isto agora é futsal? Assim não vale. Mais um ano, mais um campeonato e mais uma vez as regras não são iguais para todos. Então o FC Porto pode jogar com um guarda-redes-avançado?
Refiro-me ao Alex Sandro, o guarda-redes-avançado evidentemente. E ao Vasco Santos, evidentemente, essa promessa da arbitragem nacional que vai a internacional não tarda nada, o último a permitir que o Alex Sandro, na sua área, possa meter a mão à bola.
E está feito, segue o baile e apita o comboio e todos para os Aliados a apitar como o costume.
No fim do “derby”, o presidente do Benfica mencionou o assunto sem referir nomes. Foi para isso que foi eleito, para defender o Benfica. No dia seguinte, oficial ou oficiosamente, chegou um protesto vindo do Dragão. “O Benfica está a preparar os árbitros”, disse Rodolfo Reis.
O que é isso de “preparar os árbitros”, Rodolfo Reis?
Será que está a insinuar que o presidente do Benfica recebe os árbitros em casa e lhes dá chá e bolinhos e conselhos matrimoniais? E estando perto o Natal, que mal teria esse género de convívio?
Jogando o que joga com os jogadores que tem, a questão é que o FC Porto de Vítor Pereira, esse grande treinador, vem de três jogos consecutivos a beneficiar de erros de avaliação na sua área de rigor. E segue para bingo.
Todos sabemos que os árbitros erram, tal como os jogadores e têm direito a errar porque não são máquinas (por enquanto). Mas quando são sempre os mesmos os beneficiados e de rajada é normal que os rivais protestem.
Até o Sir Alex Ferguson, que é cavaleiro da Rainha de Inglaterra, protestou um bocadinho e em inglês (o que faz logo toda a diferença) por causa dos penaltis por conta do rival City e não pode o presidente do Benfica protestar, em português, com os penaltis por marcar em Portugal à conta de Xistra, Benquerença & Companhia?
Quanto a “preparar os árbitros”, cada um fala do que sabe.
E se felizes são os emblemas que ganham títulos como quem vai às compras à loja de conveniência – Sir Alex Ferguson “dixit” – cabe, por lei, aos infelizes que não têm a mesma sorte lutar contra esse abuso de facilidades.
E que viva a liberdade de expressão. E que viva também o cinema português.
- Vamos embora que isto foi tudo uma grande aldrabice! – já dizia o António Silva no “Páteo das Cantigas”. Referia-se Calabote, claro está."

Como disse o Carlos no Benfiliado (de onde eu gamei este excerto) que pena não haver no panorama jornalístico cá do burgo mais Leonores...

PS.- O árbitro escolhido para apitar o jogo do ENORME deste sábado é, mais uma vez, da associação de futebol do Porto. Isto é apenas uma constatação, longe de mim levantar suspeitas sobre os árbitros daquela associação. A verdade é que não acredito que seja pior que o da associação de futebol de Lisboa que vai estar amanhã em Setúbal num encontro de amigos