A grelha da programação não enganava. Não obstante a paupérrima audiência, lá estava mais uma vez Filó e o seu “Desonra em Palermo”, no dito canal regional generalista apoiado agora pela mafia batoteira.
Por questões de conveniência e oportunismo, ainda que muito a custo, a polémica “pivot” mantinha-se na crista da onda.
Mas hoje a emissão era especial. Estrategicamente, na rubrica, “Confissões de um Giorgiano”, o entrevistado de honra era o próprio director do “Palermo Canal”, o polémico Burro Cumó Carvalho, conhecido pelas iniciais BC².
Filó, na ânsia de agradar ao seu actual mais-que-tudo, tinha preparado e elaborado a entrevista com uma série de perguntas que a definem como uma profunda estudiosa da área da comunicação, ou não tivesse tido ela, em tempos, um professor particular, catedrático para todo o serviço - o vermelhusco J. Malhadeiro!
E as perguntas começaram a surgir em catadupa, com respostas também em catadupa…
F – Todos sabemos do seu benfiquismo. Considera-se um benfiquista genuíno?
BC² – Sempre! Só é benfiquista genuíno e verdadeiro, aquele que “casca” constantemente no clube, presidente, dirigentes, jogadores, treinador e restante pessoal administrativo; mesmo o roupeiro, o pessoal da limpeza ou o cortador da relva do campo têm que comer pela medida grande!
F – É nado e criado em “Palermo”, na Trypalândia. É difícil ser-se benfiquista em “Palermo”?
BC² – Eu só digo isso para parecer bem. Lá no fundo, lá no fundo, tudo corre sempre pelo melhor, desde que se façam convites iguais ou parecidos como este que lhe fiz a si, com a “bênção” do venerável Giorgio, seu actual marido e “mayor” de “Palermo”. Com o comportamento adequado, essa questão que me colocou deixa de ter importância alguma.
F – Mas vamos supor que o BC² ignorava as recomendações ou os sinais de Giorgio…
BC² – Bem…, aí a música era outra, obviamente. Habilitar-me-ia a levar umas valentes cargas de porrada, com umas limpezas à bexiga e a ser alvo dum boicote total ao meu canal, já de si depauperado, para além de ter constantemente à perna a pandilha dos supermatulões e os gangs nocturnos e ribeirinhos. E realmente eu não quero que isso me aconteça! Como lá diz o velho ditado e em especial na minha terra, que é esta, “quem tem cu, tem medo”! Se até os magistrados se borram e pedem protecção, quanto mais eu, um mero profissional da comunicação.
F – Nessa situação, teria receio de que “não ficasse a falar”?
BC² – Teria sempre a possibilidade de recorrer à mímica e pediria umas aulas e umas instruções ao professor dessa cadeira na faculdade, o dr. Lourenço Tinto, profundo conhecedor dessas matérias!
F – Como Benfiquista, como se vê?
BC² – Sou um benfiquista de “Palermo” e não da Trypalândia. Não quero pertencer a um grupo extraordinário que apoia incondicionalmente o Glorioso, como é o caso dos indefectíveis da terra das “trypas”, essa cambada anónima que vai sempre com o clube para todo o lado, aqui no norte do país, que dá o peito às balas e que só prejudica o Benfica, afrontando sistematicamente essa grande figura de “Palermo” que é Giorgio di Bufa!
F – É um crítico acérrimo da estratégia actual do Glorioso. Tem alternativas a essa estratégia?
BC² – Por conveniência, protagonismo e visibilidade, tenho adoptado essa táctica. Tenho “Palermo” do meu lado, não obstante eu saber que eles, os meus caros “andrades”, para além de me considerarem um pateta, têm-me como um aliado das suas teses e por isso não me hostilizam. Eu critico o que eles criticam, e assim não compro guerras. Era o que mais faltava. Tenho lá em casa umas boquinhas para alimentar. A estratégia, guardo-a para quando começar a receber os milhares como administrador da SAD gloriosa!
F – Não me diga que vai candidatar-se a um lugar na administração do Glorioso, ou mesmo presidente, nestas próximas eleições…
BC² – É prematuro falar-se em candidatura, mas logo que nos regulamentos da SAD do Glorioso surja uma adenda semelhante àquela que os “batoteiros” inventaram – não obstante serem segundos ou terceiros na competição máxima do futebol, recebem à mesma “grossa nota” – é certo e sabido que me vou bater por um lugar, nas próximas eleições. E aí, faço como muitos andrades. Mudo-me de armas e bagagens para a permissiva “Lísbia”, que nestas e noutras matérias tem muito que aprender com “Palermo”. Como se constata, os “andrades” instalados na capital, pertençam ou não àquilo que os meus correligionários apelidam de corja corrupta, fazem o que querem e ninguém lhes toca. Não é como aqui, que quem for vermelho e arrebitar o cachimbo, habilita-se a dar um salto mortal da ponte da Arrábida, da de D. Luís ou da do Freixo. Como a da Arrábida é muito alta e a de D. Luís muito antiquada, eu por mim preferia a do Freixo que é mais baixinha. Mas acredite, nunca estive para aí virado. Por isso procedo como procedo e não vou em cantigas. A minha cantiga é outra. É que isto de ter um canal televisivo é complicado, sabe? Tenho de dar muitas cambalhotas por dia e arranjar a “grana” necessária para financiar tudo isto e financiar-me a mim próprio!
Nesta altura da entrevista houve uma paragem para um pequeno intervalo para publicidade e Filó recebeu uma mensagem SMS de Giorgio dizendo:
- “Filha, é o melhor programa e a melhor entrevista que já fizeste na tua vida! Continua! É esse o caminho! Força!”
O programa ia recomeçar e a entrevista aproximava-se do seu final.
F – Caro BC², hoje, a blogosfera constitui-se como um fenómeno de dimensão crescente e é um veículo extraordinariamente rápido de informação. Sei que escreve e administra um blogue…
BC² - É verdade!
F – Dizem que é alvo de muita contestação, mesmo pelos seus colegas “combloggers”…
BC² – Bem, eu tenho muitos apoiantes, “apaixonados pela fruta”, e uma série de mentirosos que por lá escrevem, que tratam de equilibrar essa contestação, fazendo pender a balança a meu favor. Sabe, “Palermo” não dorme e coloca ao meu serviço alguns dos seus lacaios fazendo-se passar por meus correligionários de clube. É uma situação curiosa e não sei mesmo onde é que irá parar. Mas se acontecer o que aconteceu com a Carol, eles tratam rapidamente de pulverizar e denegrir a minha imagem, como homem e como profissional. Se isso um dia acontecer será o fim da minha carreira e terei de ir pregar para outra freguesia. Mas enquanto o pau vai e volta folgam as costas, não é verdade?
F – Tem elogiado muito o perfil e o comportamento de Giorgio di Bufa…
BC² – Sim, é verdade. Ele é o meu herói. É um exemplo a seguir por todos os benfiquistas, incluindo como é óbvio, o “Orelhas”!
F – Então não acredita nas escutas e na confirmada condenação por corrupção de Giorgio e seus seguidores mais próximos…
BC² – Não. Não acredito! Tenho de reconhecer que o FCBatota, de batota, infelizmente só o nome, porque de resto é tudo gente séria como eu!
F – E os rebuçados, café com leite e chocolatinhos?
BC² - Dos rebuçados só me lembro dos caramelos de Vigo, café com leite não tomo, e chocolates só mesmo os “mon chérie”. Tudo o resto são tretas sulistas para justificar derrotas. António Aramújo e Já Sinto Paixão pela Fruta são honestos, dedicados e incorruptíveis! Como Benfiquista isento e culto não alinho nessas paródias analfabetas.
F – Então e os envelopes com aroma a fruta? Eu nem queria falar disto, que estes assuntos foram com a outra, mas o Giorgio tanto me pediu, que olhe, lá vai…
BC² - Mais outra invenção para “entalar” o seu extremoso marido! Ele que nem gosta dos “calores da noite”, nem nunca esteve com alternadeiras e brasileiras. Olhe, só lhe digo uma coisa, aquela imprensa da capital se não está comprada, parece. Bem faz “O Nojo” e os outros diários generalistas de cá de cima de “Palermo”. Pintam as paredes de azul e branco e ai de quem borre a pintura…!
F – Querem ver que os boatos vão ser confirmados. Vai aparecer aí alguém a propô-lo para presidente do Glorioso…
BC² – É possível, é possível. Só assim o FCBatota, de “Palermo”, poderia continuar na mó de cima!
F – Mudando de tema. Dizem que é um grande aficionado da 7ª arte…
BC² – Sim, tenho grande ligação com o Cinema. Fitas é comigo!
F – Qual a sua opinião sobre o filme “Corrupção”?
BC² – É um filme que é uma mentira total! É baseado num livro cheio de mentiras, escrito por uma alienada, padecendo de uma doença que lhe foi detectada pelos médicos andrades depois de ela se ter demitido de primeira dama do FCBatota e de ela ter ameaçado “botar” a “boca no trombone”!
Enfim, um filme que é um atentado ao bom nome e à grande e extraordinária obra das “gentes” de “Palermo” ao longo destes últimos trinta anos, da qual Giorgio di Bufa é o seu expoente máximo!
É uma obra perigosa que faz a apologia da “Mouraria”! Também com aquela “Botelha” tinto carregado a verter tanto veneno na realização, acompanhado de um guião atulhado de pinhões, o que é que queriam? Uma vergonha!
F - Para terminar, mais duas perguntas. Há alguma figura ou figuras que o fascinem?
BC² – Há. As marionetas. Principalmente as acéfalas. Com preferência para as naturais de “Palermo” não obstante as cores com se pintem!
F – Sei que tem planos para mais programas deste tipo, aqui no “Palermo Canal”…
BC² – Tenho em mente, pelo menos, mais dois. Um para a esposa do Trelles, agora que ele necessita de mais tranquilidade e sossego, e outro para a esposa do Espreguiçadeira Mentes, coitado. Está desempregado e fechado à chave entre quatro paredes, com janelas de grades. Bem, uma coisa é certa, para aquilo que os seus amigos, familiares e conhecidos levaram…! Assim não será mais nenhuma vez assaltado!
F – Ó BC², para a do Mentes vá lá, vá lá, mas para a esposa do Trelles?
BC – Sim, qual é o problema?
F – Ó BC², aqui quem faz as perguntas sou eu, entendido? “Bocê” limita-se a responder, certo? Ou “Bocê” não sabe que o Giorgio está a ver o programa, carago? Isto é como os observadores dos árbitros. Se se porta mal, ele dá-lhe logo na “corneta”! Ou não sabe disso?
BC² – Bem sei, bem sei…mas,
F – Mas o quê, carago? Ponha-se mas é fino, porque qualquer dia começa mas é a fazer de fantoche nos programas infantis do canal. Bem, e o que é verdade, é que um programa de “robertos” já começa a fazer falta. Não nos esqueçamos de que o Natal está próximo!
BC² – Mas então quem é o director disto? Sou eu ou é o seu marido?
F – “Bocê” aqui é um fantoche! Por isso o convidei para esta entrevista, percebeu?
Filó ainda recebeu de Giorgio um SMS de aviso:
- “Filha, olha o verniz das unhas. Já está a começar de estalar, tem cuidado!
Não te espalhes ao comprido. Deixa isso cá para casa e quando eu estiver em dia sim, ok?”
Burro Cumó Carvalho, ainda zonzo, saiu dos estúdios, completamente desvairado e desesperado, dirigiu-se a SanBento e comprou bilhete para esse mesmo dia, com destino à Lísbia.
Já na capital, foi direitinho à Capela da Cerveja, no Templo da Luz, pedir ajuda ao Barão Vermelho.
VFL ao vê-lo, começou a rir-se e com um gesto chamou dois fantoches equipados de azul e branco e disse:
- Pronto pá, hoje não vens comemorar coisa alguma mas podes continuar a divertir-te. Estou muito atarefado e não tenho paciência para te aturar. Vais brincar com eles, porque comigo a “brincadeira” acabou!
O “Palermo Canal” entrou em mira técnica.
GRÃO VASCO