sexta-feira, junho 19

NOTAS SOLTAS

Moniz e as eleições

Começo por saudar efusivamente a decisão de José Eduardo Moniz, recusando o convite para se apresentar como candidato.
Saúdo a sua decisão, não por deixar a reeleição de Luís Filipe Vieira completamente assegurada. Como democrata, como sócio de um clube cuja essência é a democracia, entendo que a vida do Benfica deve ser discutida saudavelmente, com responsabilidade, no momento oportuno. É a discussão saudável, elevada e responsável que gera o progresso e engrandece o Benfica.
Saúdo a sua decisão por motivos substanciais. José Eduardo Moniz parece-me um Benfiquista dos Grandes, daqueles que prestigiam e honram o Benfica. Além disso, parece-me um Homem suficientemente capaz de enfrentar e conduzir os difíceis destinos que se esperam e que estão sempre presentes no caminho de uma enorme e grandiosa instituição como é o Benfica.
Saúdo a sua decisão pelos motivos que apresentou:

  • Não teve tempo para estudar convenientemente os dossiers e preparar-se para a difícil e nobre missão;
  • Não quer ser um Presidente de facção;
  • Não acreditou no “project finance” que lhe apresentaram.

Não dou muito ênfase às aludidas e presuntivas ameaças nem a outras pequenas e supérfluas razões justificativas. Os meandros do poder obrigavam-no, como a qualquer outro na sua situação, a dar uma satisfação aos que o convidaram à pressa e à última hora como estandarte para a incompetência de não terem ninguém valioso para apresentar.
Recusando liderar uma facção, deixou bem explícita a substância do movimento. Salvaguardando muitos ilustres e desinteressados Benfiquistas que aderiram ou estariam dispostos a aderir com Moniz, apenas eivados do Benfiquismo e da sua missão de Benfiquistas, havia os despeitados do bota-abaixo porque nunca ergueram nem ajudaram a erguer nada. Tomo como expoente um ex-candidato amplamente derrotado que, aos microfones da RTP, não se coibiu de falar em pesadelo, referindo-se ao actual Presidente do Benfica e aos seus mandatos.
Luís Filipe Vieira, de facto, tem, como qualquer mortal, muitos defeitos e cometeu muitos erros. Mas chamar pesadelo ao mandato de um Presidente que conseguiu em pouco mais do que um par de anos retirar o Benfica da falência e da morte certa para que fora derrapando nas últimas dezenas de anos, reerguendo-o e devolvendo-lhe o prestígio e a saúde económico-financeira; que conseguiu, além disso, construir um estádio maravilhoso e todas as suas infra-estruras; que conseguiu erguer um Centro de Estágio do que há de mais moderno e eficiente no mundo; que relançou toda a formação, em especial a do futebol aos níveis da História Gloriosa do Benfica de que também andava arredado há quase três dezenas de anos; que igualmente desenvolveu e ampliou o ecletismo e o reergueu de novo às vitórias, só pode provir de um falhado, de quem está completamente obnubilado do Benfiquismo de que diz ser adepto.
Saúdo Moniz por não aceitar ser a capa de Benfiquistas deste calibre.
Não acreditar no “project finance” que lhe foi apresentado só representa grande sabedoria e inteligência. De facto, quem pode confiar em investidores arranjados por Veiga? Saúdo Moniz também por isso.

Muitos Benfiquistas dirão que ele se dá com o patrão da Olivedesportos e da Sportv. Mas só quem não percebe de negócios e não analisa as situações é que pode pensar, sem provas, em situações de promiscuidade. José Eduardo Moniz soube levar a água ao seu moinho e defender a sua dama. Pode-se não gostar da sua TVI – eu não gosto nem a vejo – mas conseguiu aquilo que nos dias de hoje, domina e que é a liderança. No mundo que lhe competia defender, ele triunfou e lidera.
Amigos, amigos, negócios à parte …

José Eduardo Moniz pode ser uma excelente reserva de Benfiquismo para liderar um projecto que não seja contra o Benfica, um projecto como o que ele agora rejeitou justificadamente, mas um projecto de continuado engrandecimento do Benfica, um projecto que não seja contra ninguém mas só a favor do nosso Glorioso Benfica.
Por tudo isto, volto a repetir, saúdo efusivamente, uma vez mais, José Eduardo Moniz pela sua decisão conscienciosa, inteligente, perspicaz e eivada de Benfiquismo.